Receita para uma Belo Horizonte mais humana e amigável

Raquel Ramos - Hoje em Dia
01/06/2014 às 08:13.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:49
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

Não há consenso quando o assunto é a construção de uma cidade mais humana, pública e cidadã. Mas, para muitos arquitetos e urbanistas, uma metrópole com essas características precisa passar, pelo menos, por uma transformação que inclua revitalização de espaços públicos, construção de calçadas mais largas e pela redução dos espaços para carros.   A discussão ganhou destaque, na sexta-feira (30), no 12º Seminário Meio Ambiente e Cidadania – Equações para o caos da mobilidade urbana, realizado pelo Hoje em Dia.   Belo Horizonte ainda tem um longo caminho a se trilhar para alcançar o título de cidade humana, pública e cidadã, na análise de Maria Madalena Franco, da Arcadis Logos. “A capital é insegura, feia, os passeios são inacessíveis. Isso afasta a população”.    Como consequência, diz ela, a maioria das pessoas recorre ao carro até mesmo para fazer pequenos trajetos, que poderiam facilmente ser vencidos a pé. “Aliado a outros fatores, isso tem resultado no crescimento da frota”, afirma Maria Madalena. Atualmente, a cidade tem 1,6 milhão de veículos.   Mudanças   Por outro lado, há muita resistência a medidas que poderiam contribuir para fazer da capital de Minas um lugar melhor. Quando a Praça da Estação deixou de ser estacionamento para virar espaço de convivência, a mudança foi duramente criticada, lembra Maria Madalena.   No entanto, ela mesma ressalta que as ações, até o momento, têm sido insuficientes. Falta, na avaliação dela, investimento em transporte público.    Professor da escola de Arquitetura e Urbanismo da UFMG, Leonardo Castriota defende uma mudança no comportamento das autoridades. “Em vez de criar projetos novos, eles deveriam tentar melhorar o que já foi feito por governos anteriores, sem preconceito. Não se faz nada em apenas quatro anos. Iniciativas dão certo quando recebem investimentos de, no mínimo, dez anos”, diz.   O arquiteto e urbanista José Abílio Belo Pereira vê uma luz no fim do túnel. “Alguns planos de reestruturação territorial metropolitano já estão em discussão. Em médio e longo prazos, quem sabe, podemos ver bons resultados?”.   Exemplos de Barcelona e Lisboa   Barcelona, na Espanha, foi citada diversas vezes, no seminário, como município referência. “A cidade reúne projetos urbanísticos, estruturais e de desenvolvimento social. É um exemplo, que pode ser seguido por nós”, afirma Leonardo Castriota.   Lisboa (Portugal) também foi lembrada, pelo modelo de transporte coletivo adotado na cidade. Ao contrário de Belo Horizonte, que abriu mão de mais de 200 quilômetros de trilhos por onde circulavam os bondes, a capital lusitana aproveitou as linhas que eram utilizadas no passado, modernizando apenas os veículos para o transporte de massa.

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