(ANDRE BRANT)
Belo Horizonte tem 200 quilômetros de córregos canalizados. Parte dessa rede, que passa embaixo da cidade, não foi construída prevendo o aumento da urbanização e a maior impermeabilização do solo, o que comprometeu a capacidade de vazão das águas.
O resultado está em inundações frequentes, praticamente nos mesmos lugares. Especialistas alertam que, se nada for feito, o quadro tende a piorar com a verticalização e a expansão da cidade.
Mesmo com a ameaça, nada está previsto no plano de metas feito pela prefeitura para o ano de 2030. A própria administração da capital admite que as galerias e os canais apresentam problemas de capacidade.
Ao todo, BH tem mapeados 82 pontos de inundação e vários deles estão sobre cursos d’água canalizados e cobertos, como o Boulevard Arrudas e a avenida Cristiano Machado, próximo à avenida Bernardo Vasconcelos.
No entanto, não há levantamento de quais sistemas de drenagem não são mais capazes de suportar volumes de chuva cada vez maiores. Entre terça e sexta-feira passadas, o Hoje em Dia tentou falar com o responsável pelo Programa de Recuperação Ambiental e Saneamento dos Fundos de Vale e Córregos em Leito Natural de Belo Horizonte (Drenurbs).
A assessoria de imprensa da prefeitura alegou, porém, que a única fonte estava com a agenda cheia, e que ninguém mais poderia passar informações sobre investimentos futuros ou o que está sendo feito para evitar enchentes. O programa recupera e trata os cursos d’água das 47 bacias hidrográficas da capital.
Segundo o professor de engenharia hidráulica da Universidade Federal de Minas Gerais, Nilo de Oliveira, a ocupação das cabeceiras dos córregos – verificada, por exemplo, no vetor norte de BH – e o adensamento urbano aumentam o volume de água nas galerias pluviais. “A canalização dos córregos aumenta a velocidade do escoamento da água. Sem as intervenções necessárias, surgem gargalos em outros pontos”, diz Nilo.
De acordo com o professor, a PBH tem ferramentas para calcular e amenizar o impacto da urbanização nos canais. “Há projetos, recursos e boas experiências com o Drenurbs. Falta ter certeza de que medidas serão aplicadas”, afirma.
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