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Desejo, excitação e orgasmo são estágios espontâneos da atividade sexual bastante relevantes para a satisfação do indivíduo. No entanto, a naturalidade do processo é ameaçada por algumas classes de medicamentos que têm como possíveis efeitos colaterais as temidas disfunções sexuais. Além desse fator, outros podem trazer prejuízos à participação ou mesmo à performance em uma relação, como questões psicológicas, sociais ou fisiológicas.
De acordo com a médica e sexóloga Fabiene Bernardes Castro Vale, integrante do Comitê de Sexologia da Associação dos Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig), certos remédios podem tanto potencializar como por si só provocar os distúrbios.
“A doença de base, como diabetes ou hipertensão, já é fator causal. Associado a isso, há medicamentos que têm uma influência negativa. Fármacos para depressão, ansiedade, esquizofrenia e convulsões atuam diretamente no Sistema Nervoso Central (SNC), atrapalhando a função sexual”, descreve a ginecologista.
Nas mulheres, ela destaca os agravantes dos anticoncepcionais de ação antiandrogênica (mais potentes, reduzem a acne). “Esses têm maior efeito negativo na resposta sexual, mas não se pode desconsiderar outros fatores como a qualidade do relacionamento. As disfunções são multifatoriais”, coloca.
No caso deles
Muito cobrados pela potência sexual, os homens são comumente vítimas das alterações provocadas por medicamentos ou processos psicossomáticos.
A disfunção erétil é tão conhecida quanto apavorante para eles. Somente no Brasil, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), 15 milhões são acometidos pelo problema. Mas essa não é a única mudança que pode ocorrer. As ejaculações precoce e retardada ou mesmo a perda do apetite sexual atingem o sexo masculino em grande proporção.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Urologia Seção Minas Gerais e médico do Hospital Madre Tereza, Pedro Romanelli, muitas vezes, é a preocupação com uma vida sexual plena que leva às disfunções.
“Os medicamentos usados para ereção, se não utilizados de maneira correta, podem provocar transtornos na sexualidade do paciente. Tudo precisa ser discutido caso a caso”, descreve o urologista.
Orientação médica é essencial para reduzir frustrações
Consultas cada vez mais curtas e a ida a uma série de especialistas são fatores determinantes para a ausência de informação sobre efeitos colaterais de medicamentos na resposta sexual. Como consequência, as disfunções aparecem e os pacientes podem não relacionar uma coisa à outra.
“Ainda é assunto pouco falado nos consultórios, mas deve ficar esclarecido que há como resolver. Muitas vezes, essa não é uma demanda inicial do paciente, mas, quando as alterações são percebidas precisam ser relatadas ao médico”, expõe a ginecologista e sexóloga Fabiene Bernardes Castro Vale.
Por isso, a necessidade de uma anamnese ampla, ressalta o urologista Pedro Romanelli, do Hospital Madre Tereza. “Não se pode esquecer de perguntar o que o paciente está tomando. Idosos, por exemplo, chegam com 10, 15 medicações prescritas por médicos diferentes. É importante ter um clínico ou geriatra para costurar tudo, reduzindo, assim, a polimedicação”, explica.
Em jovens
As disfunções sexuais causadas por remédios, processos psicológicos ou sociais podem atingir, também, homens e mulheres mais jovens.
A pressão gerada pelas redes sociais em torno da perfeição do corpo e da vida, de forma geral, e a autocobrança por performance trazem prejuízos à resposta sexual, que podem ser potencializados por fármacos para depressão e ansiedade, por exemplo.
“O culto ao corpo, inclusive com anabolizantes, gera abalo psicológico. Isso vira uma bola de neve. Muitas vezes, o paciente precisa ter abordagem multidisciplinar, com psicólogo e psiquiatra”, diz Romanelli.Editoria de Arte
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