Risco de acidentes onde deveria ter só diversão para a criançada

A mistura de falta de manutenção, ação de vândalos e desobediência às normas de segurança têm tornado os parques e praças de Belo Horizonte um playground perigoso para a garotada. Entre os problemas, brinquedos quebrados ou com pregos frouxos e ferpas, falta de pisos amortecedores, vãos entre tábuas de modelos que estimulam o desejo de aventura. E sujeira, muita sujeira.    Em alguns lugares, a inexistência de versões específicas para crianças mais novas abre precedente para acidentes. No Parque Municipal, por exemplo, o guarda-corpo que minimizaria o risco de queda é aberto no brinquedo conhecido como escalador, popular em praças e parques. Com isso, é possível passar entre os vãos do brinquedo.   Na Praça do Papa, no Mangabeiras, zona Sul de Belo Horizonte, a antiga estrutura de madeira dos brinquedos tem pregos frouxos, ferpas e vãos que aumentar o risco de acidentes.    O vandalismo é outro inimigo dos parques. Na praça JK, no Sion, também na zona Zul da capital, partes de um brinquedo foram roubados, inutilizando o equipamento. Outro é comumente utilizado como banheiro público à noite, quando a fiscalização diminui no local, segundo frequentadores.    Desagrado   A publicitária Ana Flávia Rios leva, todos os dias, as duas filhas para passear na Praça JK. A brincadeira das meninas é acompanhada de perto, não apenas pelo cuidado para que não se machuquem, mas para que não utilizem brinquedos sujos. “Algumas pessoas utilizam o espaço como sanitário. Já vi várias crianças escorregando na sujeira. Devia ter uma fiscalização”, cobra.    O enfermeiro Denilson José confere os brinquedos da praça Floriano Peixoto, no bairro Santa Efigênia, região Centro-Sul, antes do pequeno Samuel, de 2 anos, iniciar a diversão. “A gente dá uma olhada para precaver porque não pode contar com a sorte. Cada dia está de um jeito”. Nos brinquedos altos, após queixa dos pais, uma frágil tela de plástico foi instalada.    A arquiteta especializada em áreas de lazer Suzana Cadaval afirma que os problemas de segurança poderiam ser evitados com projetos adequados aos espaços públicos e com manutenções periódicas. “É preciso escolher o desenho adequado para o local onde o brinquedo será colocado”.   Para diminuir o risco de acidentes, a arquiteta recomenda a instalação de guarda-corpo vertical ou grades de proteção, além de pisos capazes de amortecer o impacto em caso de quedas.   Prefeitura promete reforço na segurança   A Fundação de Parques Municipais informou que irá solicitar o reforço da fiscalização da Guarda Municipal na Praça JK, que zela pelo patrimônio urbano. Quanto ao Parque Municipal, afirmou que está em análise a reforma dos brinquedos, mas que ainda não há previsão. A Regional Centro-Sul informou que a manutenção dos brinquedos da Praça do Papa, no Mangabeiras, é feita sistematicamente, mas que uma nova vistoria será realizada. Em relação à Praça Floriano Peixoto, onde é proibido jogar bola, os serviços de limpeza e manutenção são responsabilidade da empresa adotante, que, essa semana, iniciou obras de melhoria no local.    A instalação de brinquedos apropriados para crianças de 2 a 5 anos começou a ser realizada em alguns parques de Belo Horizonte. Feitos com fibra de vidro, ferro e madeira ecológica, criam uma área de lazer segura e com pouca necessidade de manutenção, segundo informação da prefeitura.    Pollyanna Macedo leva todos os dias o filho Rafael, de 2 anos, para brincar no Parque Tom Jobim, no Luxemburgo, um dos locais contemplados. Conta que a novidade foi reivindicação dos moradores. “É um espaço privilegiado”, diz Pollyanna.    Até o fim do ano, o benefício chega a outros cinco espaços, como o Rosinha Cadar, na região Centro-Sul, e o Lagoa do Nado, na região de Venda Nova.    A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) proíbe, por meio da norma da 14350, trincas, deformações, cantos agudos, lascas ou rebarbas que representem perigo para as crianças.