Robô no bloco cirúrgico: procedimentos com auxílio de tecnologia de ponta são realidade em BH

Ana Júlia Goulart
agoulart@hojeemdia.com.br
15/01/2018 às 06:00.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:44
 (Samuel Gê/Divulgação)

(Samuel Gê/Divulgação)

Na sala de cirurgia, máquina e homem trabalham lado a lado com um objetivo em comum: salvar vidas. O robô reproduz os movimentos ditados pelo médico, que o controla de uma cabine e define quais procedimentos serão adotados no paciente. Um alto grau de precisão e sucesso é o resultado dessa parceria. 

Em Belo Horizonte, a cirurgia robótica já é uma realidade, a exemplo de grandes centros urbanos ao redor do mundo. O equipamento, em uso na capital desde agosto do ano passado, é o primeiro do Estado e segundo no Brasil.

“O robô dá mais precisão aos movimentos. Com a câmera, conseguimos ter melhor visibilidade com imagens em 3D e alta nitidez. Tudo isso facilita o procedimento cirúrgico e garante maior assertividade”, detalha o urologista Bruno Melo, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). 

Para o especialista, a tecnologia veio para ficar. “No Brasil, ainda é algo recente, mas acredito que, criando formas de deixar os robôs mais acessíveis, a tendência é de que eles sejam frequentes nas salas de cirurgia”, afirma o médico.

Detalhes

O equipamento, chamado “Da Vinci XI”, tem uma infraestrutura imponente: são quatro braços, sendo que em um deles fica uma câmera que permite a ampliação da imagem em até 10 vezes. Os outros três permitem o manuseio dos instrumentos médicos, como pinças e tesouras. 

A inserção de itens que simulam a articulação humana deixa a intervenção menos brusca e mais apta a repetir os movimentos do profissional. A tela de controle reconhece o usuário e, quando ele se ausenta do comando, o robô para automaticamente.

“A cirurgia robótica já é realidade na medicina. Devido ao alto grau de conhecimento dos profissionais, era uma demanda que já vinha sido apresentada”, observa o presidente da Rede MaterDei, Henrique Salvador. A máquina está em funcionamento no hospital há cinco meses. 

4 milhões de reais foram investidos pela Rede Materdei no robô Da Vinci XI, que já está em funcionamento em Belo Horizonte

Benefícios

A mudança na operação gera benefícios para profissionais e também pacientes. Para os médicos, a tecnologia elimina os riscos de um cansaço muscular. Após longas horas de cirurgia, os movimentos podem perder a precisão. 

“A ergonomia do robô favorece a dinâmica do procedimento. Um humano teria, por exemplo, o cansaço muscular durante procedimentos complexos e demorados. A tecnologia, controlada por um médico, não tem isso”, esclarece o professor Bruno Melo. 

Para conduzir o robô, os profissionais precisam fazer cursos, seminários e garantir uma certificação. Antes de qualquer intervenção, médicos realizam simulações para garantir o uso correto da máquina.

Do lado dos pacientes, o principal ganho é a redução da dor. Em função da precisão, as intervenções feitas provocam menos sangramentos. Se o processo é mais tranquilo, o tempo de internação fica menor e a recuperação ainda mais rápida. “Já pudemos constatar que os pacientes operados com o robô retornam mais rapidamente à rotina”, garante o especialista.

A tecnologia de ponta pode ser utilizada em diversos procedimentos. Com o equipamento instalado no MaterDei já foram realizadas, por exemplo, intervenções gerais, urológicas e oncológicas. 

Não há uma definição nem restrição ao que pode ser feito pelo robô. A indicação se limita, apenas, a procedimentos complexos. A retirada de tumores na próstata foi um dos mais realizados pelo dispositivo em BH.

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