(Maurício Vieira)
Em números globais, os registros de roubos de celulares nas ruas de Belo Horizonte tiveram queda de quase 10% no comparativo de janeiro a setembro deste ano com o mesmo período de 2016.
Ainda assim, a explosão de ocorrências em alguns pontos na área central da cidade impressiona. Na rua Araguari, no Barro Preto, por exemplo, o aumento foi de nada menos que 411%, saltando de nove para 46 roubos na mesma base de comparação.
Na rua dos Caetés, no Centro, foram nove celulares roubados entre janeiro e setembro de 2016 contra 33 em igual período deste ano. Crescimento de 267%. Para especialistas em segurança pública, o cenário está ligado ao excesso de alvos e às brechas na vigilância. Maurício Vieira / N/A
João Victor Belchior
“É o que chamamos de crime de oportunidade. Os celulares geralmente são valiosos, pequenos e fáceis de transportar. São características que o tornam um alvo desejado pelos infratores”, explica Bráulio Silva, membro do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp) da UFMG.
Para ele, a proliferação do crime pelas ruas da capital está ligada à concentração do fluxo de pessoas em pontos específicos. “Os locais onde há muita gente e baixa vigilância se tornam ideais para a atuação do criminoso”, avalia.
Para o advogado e membro do Instituto de Ciências Penais (ICP), Guilherme de Carvalho, a rentabilidade e o baixo risco envolvidos no roubo desses aparelhos também motivam os criminosos.
“É diferente do roubo de um carro, por exemplo, que envolve um risco muito maior para quem o pratica”, analisa.
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De acordo com a Secretaria Municipal de Segurança Urbana e Patrimonial de Belo Horizonte (SMSEG), a Guarda Municipal tem colocado como prioridade o combate ao furto e roubo de celulares.
Por nota, o órgão informou que as operações Viagem Segura, com agentes atuando dentro dos ônibus, e Sentinela, com patrulhamento em horários de pico no Centro da capital, são as duas principais ações em andamento para coibir esse tipo de crime.Maurício Vieira / N/A
Ingrid Rosenberg
Responsável pelo policiamento nas proximidades do Shopping Estação, o tenente da Polícia Militar Max Xavier Martins explica que o patrulhamento tem sido feito no local, apesar das ocorrências. “Há um número de roubos que é compatível com o volume de pessoas que passam por ali”, avalia.
Já o major Ricardo Almeida, comandante do policiamento na rua Padre Pedro Pinto, em Venda Nova, explica que a região tem uma população flutuante de 300 mil pessoas, o que contribui para a atração da criminalidade.
“É como se aqui fosse uma grande cidade, com gente vindo de vários municípios vizinhos. A nossa companhia é a que mais registra roubos em todo Estado. E nos assaltos ao transeunte, o objeto mais visado é o celular”, garante o militar.