Especialistas em segurança afirmam que o cenário é “preocupante” e sugerem até o uso de inteligência artificial para ajudar a reduzir os crimes
Gabriel da Silva Souza teve a moto modelo Sahara 300 roubada em 6 de abril; veículo foi recuperado pela PM (Divulgação)
O número de roubos de motos quase triplicou em Belo Horizonte, com 125 veículos de duas rodas tomados por bandidos no primeiro trimestre de 2025. No mesmo período de 2024 foram 45 – alta de 177%. Especialistas em segurança afirmam que o cenário é “preocupante” e sugerem até o uso de inteligência artificial para ajudar a reduzir os crimes.
Quem já foi vítima revela sentimentos de revolta e tristeza, além da sensação de impotência. Caso do gari Gabriel da Silva Souza, de 22 anos, que teve a moto modelo Sahara 300 roubada em 6 de abril, próximo à estação São Gabriel, na região Nordeste de BH.
“Emparelharam uma moto mais cara que a minha do meu lado e apontaram a arma para mim. Me tiraram da moto e me agrediram, depois fugiram no sentido Santa Luzia. É muito difícil essa situação. Tem que ficar esperto sempre”, afirma o gari.
Gabriel fez uma mobilização nas redes sociais para tentar encontrar o veículo, comprado pouco tempo antes do crime. Sete dias após o roubo, a Polícia Militar conseguiu recuperar a moto.
Especialista em segurança, a professora da UFMG Ludmila Ribeiro fez uma análise sobre os dados disponibilizados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais. Para ela, o aumento de casos preocupa e pode ter relação com o crescimento da frota de motos.
A docente destaca que os serviços de entrega e de transporte por motos têm aumentado a cada ano, despertando a atenção de criminosos. “Todas as vezes que a gente tem a maior circulação de um veículo, qualquer que seja, isso significa uma enorme demanda por peças desse veículo, o que contribui para desmonte e abastecimento do mercado (paralelo) de peças”, afirma a pesquisadora do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (Crisp), da UFMG.
Além do combate à receptação, a professora destaca que outras medidas com investimento em tecnologia podem contribuir para reduzir os roubos. Segundo ela, seria possível investir em câmeras espalhadas pela cidade com uso de inteligência artificial, capazes de checar em tempo real se as motos filmadas estão devidamente regularizadas ou se foram alvo de furtos ou roubos.
O Hoje em Dia entrou em contato com a Polícia Civil, que afirmou “não comentar dados estatísticos”. A Polícia Militar também foi procurada, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.