(Flávio Tavares)
A violência voltou a assustar motoristas que prestam serviço por meio de aplicativos na Grande BH. Três condutores foram alvos de assaltantes em menos de seis horas na última quarta-feira. Cinco pessoas, entre elas duas mulheres e duas adolescentes, acabaram detidas suspeitas de envolvimento nos roubos. Em meio a esses casos, alguns motoristas que já passaram por situações do tipo não querem mais rodar pela plataforma.
Os momentos nas mãos dos criminosos são de pânico. “Eles diziam o tempo todo que iam me matar”, contou R.L.D., de 30 anos, uma das vítimas de quarta-feira.
O jovem foi rendido por duas adolescentes e um homem que solicitaram a corrida no bairro Serra Verde, em Venda Nova, por volta das 22h30. Segundo o motorista, o trio pegou escondido o celular de uma parente e acionou o serviço.
O assalto foi anunciado cinco minutos depois de os suspeitos entrarem no veículo. R. foi amarrado e colocado no porta-malas. No bairro Nova Pampulha, em Vespasiano, na região metropolitana, policiais militares desconfiaram do carro parado e fizeram a abordagem. As duas menores foram apreendidas. O terceiro suspeito conseguiu fugir.
Risco
Após o episódio, R. não pretende mais trabalhar para o aplicativo. Assim como o rapaz, que está desempregado, muitos condutores estão deixando as plataformas por conta da violência. Segundo eles, os ataques aumentaram após o Uber passar a aceitar pagamento em dinheiro, em julho de 2016.
“Virou modinha roubar parceiro do Uber. Sempre fico sabendo de algum caso”, comenta A. F., de 40 anos. Ele desistiu do aplicativo após sofrer um assalto há dois meses.
A corrida foi solicitada no São Gabriel, região Nordeste de BH, por uma usuária com o nome de ‘Larissa’. Porém, no local o motorista foi recebido por três homens. De lá, seguiram para o Caiçara, Noroeste da cidade, onde o assalto foi anunciado.
A sensação de insegurança também levou Warllen Dias, de 28 anos, a deixar de rodar pelo Uber. Desempregado, na última quarta-feira até cogitou voltar a prestar serviço pela plataforma. “Mas desisti quando, hoje (ontem), vi a notícia dos assaltos a motoristas do aplicativo. Eles colocaram o pagamento em dinheiro, mas não mudaram a forma de cadastro do usuário. Na verdade, não sabemos quem estamos transportando”.
Por sua vez, o Uber afirma ter lançado recentemente uma ferramenta que, durante o cadastro, solicita o CPF do usuário optante pelo pagamento em dinheiro. “Isso vai se juntar às demais medidas de prevenção de risco que implementamos no ano passado para aprimorar o mapeamento de usuários suspeitos antes de fazerem viagens”, disse, em nota, a empresa.
Outros casos
Mais dois casos envolvendo motoristas do Uber foram registrados em BH na quarta-feira. Por volta de 19h, um condutor de 30 anos foi rendido após um chamado no bairro Goiânia, Nordeste da cidade. Um homem e duas mulheres pediram uma corrida até Santa Luzia, na Grande BH, mas anunciaram o assalto na BR-381. Porém, os policiais conseguiram frustar o crime no bairro Jardim Vitória, ainda na capital. Eles foram presos.
Às 23h, um motorista de 41 anos atendeu a dois homens e uma mulher no bairro Renascença, também na região Nordeste. No trajeto, o rapaz sentado no banco da frente simulou passar mal e, em seguida, o que estava atrás anunciou o assalto. O trio mandou o motorista dirigir até o bairro Primeiro de Maio, na zona Norte da cidade. Lá, retiraram a vítima do carro à força e fugiram. Os suspeitos não foram localizados.