Havia a suspeita de que os animais poderiam ter sido mortos durante os grandes incêndios de setembro e outubro do ano passado
Animal é filho da loba Sampaia, monitorada por rádio colar (Santuário do Caraça/Divulgação)
O nascimento de dois filhotes de lobo-guará foi registrado no Santuário do Caraça, espaço tombado pelo patrimônio histórico e com uma reserva que integra as reservas Serra do Espinhaço. A confirmação, feita por câmeras de monitoramento, vem após os devastadores incêndios em setembro e outubro do ano passado e reforça o papel fundamental do complexo na preservação da espécie.
O biólogo e coordenador ambiental do Santuário do Caraça, Douglas Henrique disse que os lobos eram acompanhados e que havia esperança de reprodução dos animais. "Ficamos apreensivos, pois diante do cenário de destruição, não sabíamos se os filhotes dos lobos tinham sobrevivido ou não, mas a imagem dos lobinhos nas câmeras do projeto trouxe a confirmação”, relata.
Os animais são filhos da loba Sampaia, monitorada por rádio colar. "Essa relação com os filhotes é importante porque os pais ensinam tudo para eles. E essa tradição dos lobos no Caraça só se permanece porque os filhotes aprendem com os pais a subir no adro. O registro dos filhotes, inclusive no adro da igreja, demonstra que o Santuário continua a ser um refúgio vital para a espécie", acrescentou Douglas Henrique.
Ainda segundo ele, desde 2015 são registrados nascimentos de lobos no Caraça. Foram 20 animais desde então. O lobo-guará é um dispersor de sementes e também controla roedores e serpentes.
O Santuário do Caraça foi contemplado com um projeto de monitoramento da espécie, com o apoio do Ministério Público de Minas Gerais, execução pelo Instituto Pró-Carnívoros e supervisão do ICMBIO. O projeto utilizará rádio colares e câmeras trap para entender as ameaças e fortalecer a conservação.
De acordo com coordenador ambiental do Caraça, o trabalho tem como foco entender as ameaças regionais que os lobos vêm sofrendo. “O objetivo é monitorar o lobo-guará e conhecer de perto quais são os conflitos vividos pela espécie. Pretendemos diagnosticar a população, identificar as ameaças regionais, entender as áreas de uso dessa espécie e avaliar o comportamento em função dessa ambientação".
Conforme o especialista, alguns estudos apontam que vários lobos têm sofrido com zoonose. "Principalmente a sarna e a cinomose. Esta doença ocorre através do contato direto ou indireto dos animais silvestres com animais domésticos doentes".
O monitoramento dos lobos é realizado através de duas metodologias: o uso de rádio colar, que é um equipamento que vai nos mostrar quais os caminhos o animal percorre. Além disso, também são utilizadas armadilhas fotográficas, espalhadas na natureza, que possuem um sensor de calor e movimento, sendo disparadas automaticamente quando um animal passa no local.
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