(Flávio Tavares)
Após a morte de três pessoas em uma enchente na avenida Vilarinho, em Venda Nova, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) prometeu obras para cessar os estragos provocados pela chuva na região. O compromisso coloca a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) em evidência na cidade. Em entrevista ao Hoje em Dia, o superintendente da autarquia Henrique Castilho falou sobre as intervenções que serão feitas no local. O gestor também destacou os trabalhos de supressão realizados nas árvores da cidade. Conforme Castilho, eles são preventivos e necessários.
Os alagamentos na Vilarinho ocorrem desde 1996. Qual a maior dificuldade para se resolver esse problema?
O que aconteceu de 2016 para trás não cabe a mim responder. Sou superintendente a partir do governo Kalil. Mas é possível ver claramente que não ocorreram estudos efetivos em governos anteriores para que as medidas necessárias pudessem ser tomadas. Hoje, tem projeto? Não. Temos estudos? Temos, milhares. Mas o estudo precisa virar projeto, então nosso trabalho é resolver a situação para que não ocorram mais mortes. Estamos sem dormir e trabalhando com muito afinco. Não vou apresentar nada de solução agora porque estamos acabando os estudos. Daqui a cerca de 25 dias teremos o projeto. Sempre se pensou na Vilarinho, mas, agora, foi colocada como prioridade.
Depois da tragédia na Vilarinho, em 15 de novembro, uma obra começou a ser realizada na área interna da estação, na plataforma dos ônibus. O que está sendo feito já é um paliativo para evitar inundações?
Abriu-se um buraco muito grande e precisávamos resolver aquela situação. Faz parte da rotina, já que todas as obras de manutenção feitas na cidade passam pela Sudecap e, em cada regional, há alguém responsável por isso. Na Vilarinho caiu um volume muito grande de água. No outro dia, colocamos 200 pessoas nas ruas e 30 caminhões. Atacamos com muita rapidez para pelo menos limpar a área.
O que tem sido feito pela Sudecap para evitar ocorrências do tipo?
Trabalhamos rotineiramente na manutenção das vias, com as operações tapa-buraco, e na limpeza de bocas de lobo, por exemplo. Elas são limpas de 15 em 15 dias. O problema lá na Vilarinho não foi de boca de lobo suja. Lá, a galeria não suportou o grande volume de água, que passou dos 3 metros de altura. Arrancou a capa do asfalto, levantou as tampas, que não são possíveis de serem retiradas com as mãos. Hoje, temos 64 mil bocas de lobo e o trabalho é rotineiro. Desde o começo do ano, até o mês passado, foram retiradas 3,6 mil toneladas de lixo de dentro delas. Que lixo é esse? Se o tubo de drenagem da água é tampado, por onde ela vai sair? Aquilo foi uma catástrofe, tanto que morreram três pessoas.
E quanto às operações tapa-buraco? O que já foi feito?
Em 2017, nós tampamos mais de 15 mil buracos nas nove regionais. Gastamos em torno de R$ 20 milhões. Cada regional tem um contrato e todas elas são obrigadas a não deixar nenhum (buraco) pela cidade. Então, temos um trabalho rotineiro de vistoria. E as pessoas podem solicitar, também, pelos nossos meios de atendimento, como o BH Resolve e o disque 156.
Recentemente, foi lançado o edital de licitação para o monitoramento dos viadutos das avenidas Pedro I e Antônio Carlos. No entanto, não houve interessados. O que será feito?
Nós republicaremos em breve. Se der deserto novamente, tenho a possibilidade de contratar. Poderei procurar três empresas que me darão preços com base no relatório apresentado para o serviço. Várias, inclusive, já estão me ligando para participar, nos dando preço.
Qual é o objetivo do monitoramento?
É saber se está tudo ok e garantir o bom funcionamento dos últimos viadutos entregues na cidade. Precisamos monitorar, pois, se for notada alguma irregularidade, vamos cobrar e acionar a garantia, se necessário.
E quanto aos outros viadutos da cidade?
Todos já foram vistoriados, até mesmo os que não são da Sudecap. Os responsáveis por cada um deles foram comunicados a partir das vistorias, pois às vezes ocorre de alguma junta de dilatação demandar uma troca, por exemplo. Hoje está tudo bem. Agora, no novo monitoramento, se for necessário, abriremos licitação para manutenção.
Muitas supressões de árvores têm ocorrido na capital. Qual tem sido o objetivo dessas intervenções?
A poda ou a supressão pode ser solicitada pelo cidadão. Os engenheiros fazem uma visita técnica e avaliam de acordo com uma normativa técnica que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente lançou. A análise vai definir se é poda, supressão ou nada. Com isso, temos menos folhas no chão, menos folhas nas bocas de lobo, menos folhas nas ruas. E a supressão é necessária para não matar gente. Porque se a árvore está condenada, tem que tirar, nã0 tem jeito. No ano de 2016, foram gastos R$ 2,8 milhões para 14 mil podas e mil supressões. Em 2017, investimos R$ 4 milhões e foram 16 mil podas e 3 mil supressões. Já em 2018 a estimativa é de que já tenhamos investido de R$ 10 milhões a R$ 15 milhões para 40 mil podas e 8 mil supressões.Flávio Tavares
Grande parte da população reclama das supressões. O que tem sido feito para tentar equilibrar essa situação?
Temos uma ação conjunta não só com a Secretaria de Meio Ambiente, mas também com a Fundação de Parques Municipais e Zoobotância e já começamos a plantar mudas. Estamos mais preocupados do que qualquer cidadão de Belo Horizonte. E, na mesma proporção que estão sendo retiradas, serão colocadas. Mas isso leva um tempo e é preciso seguir protocolos que falam sobre especificidades das árvores que podem ser plantadas.
O que é feito com os troncos das árvores retiradas?
Grande parte da madeira retirada é levada para Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) e, lá, fazem trabalhos de reciclagem desse material. Muitas vezes vira fertilizante, por exemplo.
Foi lançado edital para a continuidade das obras no Boulevard Arrudas. O que ainda falta para a finalização desse projeto?
A Sudecap abriu agora uma licitação para obras de complementação e paisagismo para o Boulevard Arrudas para fazer adequações urbanísticas, troca de postes e mobiliários, implantação de canteiros, plantio de árvores e uma pista de skate que vai ficar abaixo da alça nova do viaduto Leste. É uma obra de cerca de R$ 7 milhões para ser executada em aproximadamente seis meses. Estamos trabalhando para licitar a obra de tamponamento (obstrução) do canal entre as ruas 21 de Abril e Carijós no próximo ano.
A respeito da Via 710, já há uma data de inauguração? O imbróglio das indenizações foi resolvido?
Já resolvemos grande parte das indenizações. O convênio que precisava com os empreendedores foi assinado e, até o meio do ano que vem, a ligação com a Cristiano Machado será entregue. A via, por completo, deverá ficar pronta no fim do próximo ano. Acreditamos que o trabalho sério resolverá esse imbróglio a tempo.
Em quanto tempo o nível de qualidade da água da Lagoa da Pampulha voltará a subir?
Todos os quatro contratos com as empresas responsáveis estão vigentes e nós esperamos que, em nós próximos quatro meses, seja possível atingir o nível 3. Todos os nossos contratos estão sendo efetivados e é um trabalho contínuo, não para. Parou porque foi necessário fazer um reestudo, mas as empresas já estão trabalhando novamente.
Esse nível garante a prática de esportes náuticos. É possível dizer que a lagoa poderá receber esse tipo de atividade?
Esquece. É muito córrego, tem que voltar para Contagem (Grande BH), resolver lá em cima. E, em Contagem, não podemos entrar. É muita canalização de esgoto que chega ali. O prefeito já disse isso e é uma coisa muito complexa. Tem jacaré e capivara. Essa possibilidade não existe hoje. Não é possível tapar o sol com a peneira.