(Reprodução/ Facebook)
Há pouco mais de um mês, pode-se dizer que o pequeno Matheus Teodoro Oliveira, de 7 anos, renasceu. Depois de receber um intestino em um transplante delicado realizado nos Estados Unidos, a nova vida do garoto começa a ganhar forma. O início, porém, é tratado com cautela e cuidado. Afinal, não é todo o dia que se “ganha” um órgão e, por isso, tornou-se necessário até mesmo um nome diferente para batizá-lo.
Com o sorriso cativante e a imaginação fértil, Matheuzinho já nomeou o intestino: ‘Chico Pum Bento’. “Ele está apaixonado pelas histórias da Turma da Mônica e, como atualmente solta muitos ‘puns’, o ‘pum’ entrou no meio do nome”, explica Gecilene Oliveira, mãe do garoto.
O procedimento foi realizado em Miami, em 10 de setembro, para tratar de doenças raras que impedem a alimentação pelas vias naturais. Se o caminho para a recuperação plena é distante, o bom-humor se mantém mais próximo possível, como comprova o “batizado” do órgão realizado pela criança.
Recuperação
Desde a operação, o garoto já engordou três quilos. “Agora ele se alimenta como nunca antes”, comemora Gecilene. As conquistas são diárias. O retorno para o Brasil, entretanto, só poderá acontecer em 2017, já que é necessário ao menos um ano de acompanhamento no exterior.
Enquanto isso, a expectativa de mãe e filho é deixarem o hospital e seguir para onde estão morando nos EUA. “Ainda não consegue ir porque o estão preparando para se alimentar sozinho. Mas ele irá com a sonda para garantir a nutrição. Depois, quando ele já estiver se nutrindo sozinho, esse aparato será retirado”, explica Gecilene.
A mudança para os EUA alterou a vida de Matheuzinho e melhorou a condição de vida dele. Mas nem tudo são flores, já que o menino sofre com saudade da família. Muitos não conseguiram embarcar porque não tiveram os vistos liberados. “Além disso, ele está sentido muita falta da cachorrinha Nina. Já chorou muitas vezes de saudade dela”, revelou Gecilene.
Carlos Henrique / Hoje em Dia/Arquivo
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Batalha judicial
O tratamento no Jackson Memorial Hospital só foi possível depois que a Justiça Federal em Belo Horizonte determinou que a União pagasse todo o tratamento no menino. O Ministério da Saúde acatou a decisão, mas a verba liberada, cerca de R$ 4,1 milhões, foi suficiente para arcar apenas com a cirurgia. As outras despesas, por enquanto, estão por conta da mãe, que utiliza os R$ 700 mil arrecadados em campanha promovida nas redes socais.
“O custo de vida aqui é muito alto. Nosso advogado já entrou com uma ação contra a União, pois na liminar o governo deveria arcar com tudo”, lamentou. Procurado pela reportagem, o Ministério da Saúde informou que, entre maio de 2015 a outubro de 2016, realizou o depósito da quantia estipulada por decisão judicial. "O valor foi utilizado no tratamento médico-hospitalar, transporte aéreo do paciente e custeio de home care", finalizou.
Mesmo longe do fim, a batalha, garante a mãe, vale a pena. “Nada é em vão quando amamos e acreditamos na vida”.
Doença
Desde que nasceu, Matheus Teodoro luta contra uma displasia neuronal intestinal, hidrofrenose bilateral e bexiga neurogênica. Além de não se alimentar pelas vias naturais, por causa dos males o pequeno perdeu parte da visão e passou mais de um ano internado no Hospital das Clínicas da UFMG, em Belo Horizonte, recebendo o tratamento.
Mas foi nos Estados Unidos que a família encontrou as melhores condições para o transplante de intestino. Por lá, o procedimento apresenta os melhores resultados de sucesso em todo o mundo.
O caso do menino ficou nacionalmente conhecido quando Matheus entrou em campo com o jogador William, do Cruzeiro, numa partida contra o Fluminense em outubro de 2015. Desde então, a causa do pequeno foi abraçada pelos torcedores celestes e por milhares de brasileiros.
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