(Fernanda Carvalho)
Acusados de assassinar policiais no exercício da função deveriam ter punição mais rigorosa por parte da Justiça. Essa é a opinião do secretário de Estado de Segurança Pública, Sérgio Barboza Menezes. Para ele, que é delegado de carreira da Polícia Federal, a necessidade de mudança na legislação ganha força após os recentes casos de assaltos no interior do Estado.
O crime mais grave ocorreu há pouco mais de uma semana, em Santa Margarida, Zona da Mata. Lá, um banco foi roubado, moradores mantidos reféns e duas pessoas assassinadas, dentre elas, um militar. Quatro suspeitos foram presos.
“Se um policial, quando cumprindo o dever, for abatido, aquele criminoso, homicida, latrocida, bandido, não pode ter progressão de regime. Não pode ter audiência de custódia. Ele tem que ser preso e levado para cumprir pena já desde o início”, afirma Menezes.
Segundo o secretário, casos de homicídios contra policiais não são “ataques apenas à pessoa, mas à instituição”. Para ele, o Estado é representado por aquele militar. “A primeira defesa do Estado é o policial. A representação, a personificação está naquele policial”.
Recorrente
Na segunda-feira (18), o Hoje em Dia mostrou que a facilidade de encontrar rotas de fuga tem levado ladrões a banco a atuar fortemente no interior de Minas. Em apenas nove dias, seis ataques a caixas eletrônicos e instituições financeiras foram registrados.
Apesar das ocorrências recentes, a Secretaria Estado de Segurança Pública reforça que houve queda nos registros de roubos a agências bancárias (-8%) e ataques a caixas eletrônicos (-34%), na comparação do primeiro semestre deste ano com mesmo período de 2016. Confira entrevista sobre as ações que a pasta tem feito para combater os ataques no interior.
Entrevista: Ataques a bancos no interior do estado têm apuração detalhada
Como a Secretaria de Segurança está lidando com os crimes que têm ocorrido no interior do Estado?
Há muito tempo, a Secretaria de Segurança, junto às forças de segurança, vem trabalhando para coibir essa incidência criminal. Realmente, ela impacta muito na população, que tem uma realidade muito pacata. São cidades pequenas, às vezes de porte médio, mas a maioria de porte bem reduzido, que depende muito do Estado. A gente tem trabalhado muito em inteligência, em protocolos operacionais entre as forças de segurança, e abrindo o leque de entes para participar dessa força-tarefa. A Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e o Exército estão conosco.
Então a questão é muito grave...
Não é que seja grave, mas pela contribuição. O Exército tem muito a contribuir na medida em que passa informações da dinamite, dos explosivos. A gente está buscando todos para ter uma qualidade na repressão e coação.
Esse trabalho específico começou quando?
Estou na pasta há um ano e três meses, e esse trabalho já acontecia antes.
O que já foi descoberto em relação a esses crimes recentes no interior?
Um retrato que posso falar é que são quadrilhas que vêm de fora, e algumas quadrilhas que são daqui. Como exemplo essa de Santa Margarida, que era daqui e flutuava entre Minas e o Rio de Janeiro. A gente tem mapeado rotas, horários, os meliantes que atuam nas quadrilhas. Estamos fazendo um trabalho muito apurado dessas informações.
Por que esses assaltantes estão agindo dessa forma nessas cidades?
Tem uma vertente social, econômica, mas há vertentes históricas. No caso da polícia, nós temos utilizado todos os mecanismos de investigação para coibir essa práticas.
Eles vão atacando no interior, e algumas cidades ficam sem bancos. O que pode ser feito para que as instituições continuem nas cidades?
Isso tem que buscar dentro das instituições financeiras, o motivo porque elas fecham. A sociedade, o município precisam desse serviço. Elas têm que ser sensíveis à necessidade da população. E aumentar a segurança nessas agências. Isso é dever deles. A Caixa Econômica tem investido muito nisso, mas outras instituições resistem. Outra que precisa se reforçar são os Correios.