Sem esperanças de encontrar sobreviventes

Pela primeira vez, o prefeito de Mariana, Duarte Júnior, admitiu a possibilidade de não haver sobreviventes entre os desaparecidos na tragédia que se abateu sobre a cidade histórica, que fica na região Central do Estado. “É muito difícil falar em sobreviventes. Eu estive no local e vi como está lá. É muito difícil”, disse, ontem. Duas barragens da mineradora Samarco, Fundão e Santarém, romperam-se na última quinta-feira, deixando dois mortos e 28 desaparecidos, a maioria no distrito de Bento Rodrigues. O local foi o mais atingido na região.

Diante do tamanho do desastre, o prefeito criticou a mineradora Samarco pela forma como a população foi informada sobre o acidente. “Querer avisar 600 pessoas por telefone não adianta, é impossível”, afirma. Segundo ele, seria necessário um aviso sonoro, um botão do pânico, sistema que a mineradora já informou não fazer parte da estrutura da mina. Na avaliação de Duarte Júnior, a empresa errou. “A verdade precisa ser dita e as responsabilidades, apuradas”, ressaltou.

De acordo com o prefeito, algumas pessoas permaneciam ilhadas na tarde de ontem, mas não era possível precisar o número. Desesperada, a dona de casa Marlene Agostinho aguardava informações da mãe, de 76 anos, e do irmão, que sofre de transtorno mental. Eles moram no distrito de Pedras, e não conseguem voltar para Mariana.

“Sei que eles perderam tudo. Minha mãe conseguiu sair com meu irmão antes da casa ser destruída, de camisola. Eles dormiram em um bambuzal e foram resgatados até um local mais alto. Mas estão ilhados lá”, lamenta.

Ao todo, 557 moradores de Bento Rodrigues foram instalados em hotéis de Mariana. Outras 200 pessoas estão em casas de familiares, mas também deverão ser levados para hotéis ou pousadas.

Após mais um dia de ações para chegar até Bento Rodrigues, o Corpo de Bombeiros afirmou que das 180 casas erguidas no distrito, 158 foram destruídas. O prefeito acha difícil que consigam recuperar o vilarejo.

Ontem, jipeiros ajudaram os envolvidos nos trabalhos de socorro às vítimas a terem acesso a regiões mais difíceis. Motociclistas de BH também levaram água e solidariedade.

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