(SOS Mata Atlântica/Divulgação)
Na semana em que é celebrado o Dia Mundial da Água, um estudo divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica deixa em evidência uma realidade preocupante no país: 23,3% das águas analisadas em 111 rios e córregos brasileiros apresentam qualidade ruim ou péssima. Na prática, sequer poderiam receber tratamento para posteriormente ser utilizada no consumo humano, nem mesmo servir à irrigação de lavouras.
Embora a pesquisa tenha se concentrado nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, os três cursos d’água mineiros que integram o levantamento não escaparam da má avaliação. As águas dos rios Jequitinhonha, Mucuri e o córrego de São José – nos municípios de Almenara, Mucuri e Bicas, respectivamente – foram classificadas como regular e ruins.
Para Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica, o resultado é apenas um reflexo de anos de negligência, falta de investimento em saneamento e descuido com a mata ciliar que protege os cursos d’água.
“Ficou claro que os nossos mananciais estão em risco. Na maioria dos locais (61,8%) a situação era regular e só 15% dos rios analisados mostraram manter boa qualidade. Mas nenhum ponto foi avaliado com ótimo”, lamentou.
A expectativa é a de que a divulgação dos dados motive novas políticas públicas em favor das águas.
ESTAÇÃO DE TRATAMENTO
Secretária municipal de Meio Ambiente em Bicas, na Zona da Mata, Marina de Jesus Afonso reconhece que, todos os dias, toneladas de sacolas plásticas, latas e outros tipos de resíduos são abandonados por moradores nas margens do córrego São José. Aliado a isso, todo esgoto produzido na cidade é lançado no curso d’água.
“A principal medida para solucionar o problema seria a construção de uma estação de tratamento, que custaria no mínimo R$ 1,5 milhão”, disse.
Sem recursos para bancar a obra, o município tenta um repasse da União. “Já fizemos um plano de saneamento básico e, em agosto, começaremos o plano de gestão integrada de resíduos sólidos. São documentos necessários para conseguir a verba”, explicou.
Localizado em área urbana, as condições do rio Mutum são semelhantes. “Realmente está muito poluído. Não tem como negar”, diz Hellen Nice Almeida, chefe do departamento de educação ambiental da prefeitura da cidade.
Além de uma campanha de conscientização que, segundo ela, está em andamento, o cumprimento de uma lei municipal poderia amenizar a situação. “A norma estipula que, até 2017, a Copasa tem que retirar todo esgoto que, ainda hoje, é lançado ali. Nos últimos anos, a prefeitura está pressionando para que o prazo seja seguido”.
A Prefeitura de Almenara não atendeu os telefonemas do Hoje em Dia.