"Sexo é um assunto que deve sempre estar na roda", diz especialista

Renata Galdino - Hoje em Dia
07/03/2014 às 08:07.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:29
 (Samuel Costa)

(Samuel Costa)

Em pleno século 21, tratar de sexualidade com adolescentes ainda é um tabu entre as famílias. A afirmação é do especialista em comunicação pública Hugo Pirez, idealizador do projeto “Papo Reto – A voz e a vez do jovem”. O trabalho alerta para a importância de inserir os adolescentes no diálogo sexual. Pirez foi o entrevistado da última quinta-feira (6) do programa Central 98, da rádio 98 FM. Os principais trechos do debate você confere a seguir.

O projeto Papo Reto nasceu de uma necessidade de se manter um diálogo aberto com o adolescente. Como esse público é tratado quando a temática é a sexualidade?
Se falar sobre sexo ainda é um tabu para adultos, imagine para os adolescentes. O tabu existe desde os primórdios. Na era mitológica, falar sobre sexo abertamente era permitido. A partir da era cristã, por causa dos costumes, esse comportamento mudou. Os adolescentes foram excluídos desse diálogo, mas sexo é um assunto que interessa e muito a essa faixa etária. Os pais querem saber das relações sociais do filho, da vida escolar. Mas e a vida sexual? A sexualidade é um assunto que deve sempre estar na roda. O projeto Papo Reto surgiu, no ano passado, com o objetivo de levar o diálogo sobre saúde sexual e reprodutiva para adolescentes e envolver também as famílias.

Muitas músicas, principalmente funk, trazem letras com pitada sexual. Na internet, há o vídeo de um baile onde uma jovem simula, com um rapaz, cenas de sexo explícito. Até que ponto isso é sadio para o adolescente?
A indústria cultural quer vender, e sexo é uma coisa que vende. A maioria das músicas faz apologia ao sexo de maneira comercial, o que é negativo. Um adolescente que não tem conhecimento sobre o sexo como saúde, e não está preparado para outra cultura, acaba consumindo a que é oferecida a ele. Essas músicas apresentam apenas o sexo pelo sexo.

Mas se esse adolescente tiver orientação familiar...
Os filhos devem ser orientados, e não é apenas papel da escola. Os pais devem trabalhar isso em casa. É importante que eles envolvam os filhos no diálogo sexual.

As famílias estão mais abertas a esse tipo de diálogo?
A conversa entre pais e filhos sobre sexualidade ainda é difícil, mas há uma tendência de mais abertura. O sexo está presente o tempo todo na mídia de maneira comercial. Os pais que têm preocupação com a educação dos filhos verão que isso não é bom para eles.

Como deve proceder uma família que nunca falou sobre o assunto e que agora quer abordá-lo com os filhos?
Tendo inspiração nos eventos do cotidiano. Converse com o filho sobre assuntos do dia a dia que levarão à sexualidade, mas devagar. Se chegar direto no assunto, a reação será “travar”. O pai pode falar como conheceu a mãe desse jovem. Se o filho frequentar academia, pergunte a ele o por quê de querer ficar “sarado”. Se está se vestindo melhor, se o filho está querendo conquistar alguém. Os pais podem perguntar para os filhos como está o namoro. Sempre explicando as coisas da maneira mais natural possível.

Os filhos também podem ter a iniciativa de conversar sobre sexo com os pais?
Claro! A sugestão é abordar os pais de maneira branda, perguntando a eles como foi o início do namoro do pai com a mãe, por exemplo.

Como as escolas estão levando o tema aos alunos?
Em Belo Horizonte, as escolas têm frente de educação sexual e reprodutiva trabalhada com análise de comportamento. Mas acho que ainda falta a questão lúdica, uma forma de inserir o assunto de forma divertida e interessante para o estudante. 

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