(Karol Avelino/Funed)
Minas pode ter pelo menos mais 75 mil pessoas contaminadas por Covid-19 e que não tiveram confirmação da doença por exames em laboratório. A estimativa feita pelo próprio governo do Estado é de um doente testado positivo para cada dez assintomáticos – o que elevaria as atuais 7,5 mil notificações para 82,5 mil. Apesar de ser um problema mundial, pela dificuldade de acesso aos insumos, especialistas alertam que a subnotificação é um entrave para o combate à pandemia.
Sem saber onde e como o contágio está ocorrendo, o tamanho exato do problema acaba desconhecido, afirma o infectologista Unaí Tupinambás. A solução seria realizar mais testes, principalmente em todos que buscam o socorro médico. “Só assim poderemos agir de forma mais certeira”, destaca.
O médico considera o número de exames em Minas muito baixo. Como resultado, segundo ele, não é possível reduzir o contágio, uma vez que não se sabe onde os infectados estão. Por haver boa parte de assintomáticos, medidas como isolamento social deveriam ser rigorosamente implantadas.
Subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Dario Ramalho afirma que a quantidade de testes aplicados está compatível com os pacientes em estado crítico e óbitos. O protocolo atual preconiza o exame apenas para essas situações e para profissionais de saúde e da segurança pública, detentos e pessoas em asilos.
Cenário que pode mudar. “À medida que a epidemia avança, é natural que se tenha mais casos graves e que a testagem aumente”, frisou o subsecretário.
Mas um crescimento da testagem não significa que toda a população será alvo do rastreio. Segundo Dario, há “dificuldade de insumos, de disponibilidade e valor de aquisição” desses materiais.
“Numa lógica de vigilância, é natural supor uma subnotificação. Isso acontece com qualquer doença, e não é diferente com a Covid, transmitida especialmente pelos assintomáticos”, complementa.
Dario Ramalho diz, ainda, que justamente por ser uma doença com grande grau de assintomáticos é que ela tornou-se um grande desafio. “Tem uma porcentagem dos pacientes transmitindo que não vão apresentar febre e, portanto, não são passíveis de detecção com termômetros”. (Com Cinthya Oliveira)
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