(Editora de arte)
Minas está em alerta contra o suicídio. O número de pessoas que tiraram a própria vida em 2022 é o maior dos últimos cinco anos. Foram 1.175 tragédias de janeiro a julho. A explosão de casos pode ter relação direta com o isolamento social e o medo provocados pela pandemia da Covid. Autoridades e médicos orientam as pessoas a pedir socorro e as famílias a não ignorar possíveis sinais.
As mortes nos primeiros sete meses deste ano já são 20% maiores na comparação com o mesmo período de 2021 – o aumento percentual também é o maior desde 2018. A média de pelo menos seis registros diários leva em conta levantamento da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sejusp). Na tentativa de frear as ocorrências, acontece neste mês o Setembro Amarelo.
A campanha de conscientização chama a atenção para fatores considerados de risco para a tentativa de suicídio, como discriminação por orientação sexual, racismo, violência, conflitos familiares, doenças crônicas ou incapacitantes, perda de emprego e até crises políticas e econômicas.
Membro da Associação Mineira de Psiquiatria, Henrique Arenare, reforça que o suicídio é o desfecho de algo “subjacente”, geralmente associado a casos de depressão ou outro transtorno mental. O psiquiatria afirma que em momentos de crise, os casos tendem a crescer, como observado na pandemia.
O alerta vale para qualquer faixa etária, mas a vigilância precisa ser ainda maior com relação aos jovens. Uma recente pesquisa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), mostrou que os brasileiros de 11 a 19 anos são os que mais cometem suicídio.
Henrique Arenare mostra sinais que familiares e pessoas próximas devem observar, como desânimo, perda de prazer e desinteresse. “Perder esperança na vida, falar que a vida não tem graça, que não é justa, que não tem sentido, que preferia não estar vivo, que tem vontade de sumir e principalmente se mencionar que já pensou ou está pensando em tirar a própria vida”, orienta.
O psiquiatra também diz que outro fator importante é se o paciente já tentou, anteriormente, tirar a própria vida. “A tentativa de reincidência é comum nestes casos”, garante o psiquiatra.
Procure ajuda
Conforme a própria Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), o cuidado e o tratamento à pessoa que apresenta qualquer grau de sofrimento como angústias, medos, conflitos intensos, só será possível e terá êxito se levar em consideração as vulnerabilidades, o contexto social e econômico no qual o paciente está inserido.
Quem não condições de pagar pelo tratamento nem têm plano de saúde pode procurar um posto, unidade de pronto atendimento ou os centros de Referência em Saúde Mental (Cersam) e de Atenção Psicossocial (Caps). Veja endereços e telefones.
Outra forma de busca ajuda é fazer contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV), organização que atende de forma voluntária, 24 horas por dia. As conversas são sigilosas. O telefone do CVV é o 188, e a ligação é gratuita. Também é possível participar de um chat pelo site da organização: cvv.org.br.
* Com informações de Raquel Gontijo e Agência Brasil