Suspeita de matar criança de 6 anos diz que vítima era 'um anjo' e que queria se vingar da mãe

Juliana Baeta
09/08/2019 às 18:34.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:56
 (Divulgação)

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"Um dos crimes mais bárbaros que o Centro-Oeste viu nos últimos anos". É assim que o delegado Leonardo Pio define o assassinato de Amanda, uma criança de apenas 6 anos, em Divinópolis, ocorrido nessa quinta (8). A suspeita do crime, Sarah Maria de Araújo, de 38 anos, era vizinha da vítima e confessou que matou a menina para se vingar da mãe dela, que a teria denunciado ao Conselho Tutelar. 

Segundo o delegado, a causa da morte foi afogamento. Em coletiva nesta sexta em Divinópolis ele deu detalhes sobre como a mulher cometeu o assassinato. "A vontade dela era matar a mãe, mas como não tinha condições de fazer isso, a forma de se vingar foi matando a filha dela. A primeira versão que ela deu foi de que teria sido um acidente, mas ao confrontá-la ela acabou confessando tudo e disse como a matou", contou o policial. 

Sarah, que tem uma filha de 4 anos, contou aos investigadores que atraiu Amanda para dentro de sua casa. Ela deu um celular para a filha, para que ela se distraísse em um dos cômodos da casa, enquanto levava Amanda para outro espaço. Foi quando Sarah passou uma corda no pescoço da menina e a enforcou até que perdesse os sentidos. 

A suspeita conferiu a pulsação de Amanda, que estava desacordada, mas, percebendo que ela estava viva, mergulhou a cabeça da criança em um balde com água, o que causou a sua morte, por volta das 19h de quinta. A mulher, então, enrolou o corpo da criança em um plástico e, depois, em um cobertor, e o deixou em um quarto enquanto decidia o que faria com ele. 

Por volta de meia-noite, ela jogou o corpo da janela do segundo andar, uma altura de cerca de oito metros, para simular um acidente. Minutos depois, o corpo foi encontrado. 

Inicialmente, a polícia desconfiou que o crime teria participação de outro filho da suspeita, um adolescente de 17 anos, mas esta hipótese foi descartada durante as investigações. "O garoto não estava na residência no momento do crime, estava com o pai em outro bairro", disse o delegado.

"Ela era um anjo", diz Sarah sobre Amanda 

As investigações e a confissão da suspeita apontaram que a motivação do crime foi vingança. Sarah achava que a mãe de Amanda a teria denunciado ao Conselho Tutelar e tinha medo de perder a guarda de sua filha de 4 anos. Segundo os policiais, em determinada ocasião, ela chegou a receber uma visita de representantes do Conselho.

O delegado disse que ela "demonstra total desamor à vida alheia". Durante a coletiva, Sarah foi apresentada voluntariamente, ressalta a polícia, para dar a sua própria versão dos fatos aos jornalista. 

"A minha intenção não era a criança, era a mãe, porque ela fez denúncia no Conselho Tutelar pra tirar a minha filhinha de 4 anos de mim. Que mãe que chama o conselho tutelar pra outra mãe? Que coração é esse, que demônio é esse?", disse Sarah durante a coletiva. 

Segundo ela, Amanda sempre ia a sua casa brincar com a garotinha de 4 anos. "Elas eram amiguinhas", contou, ainda.

"Quando a criança ia lá brincar com a minha filhinha, eu falava com a mãe que ela não poderia brincar, porque teria que tomar banho pra ir pra escola e não podia sujar na poeira. A criança era hiperativa, fugia muito pra rua, brincava na poeira. Então eu só deixava brincar com a minha quando eu estava perto ou meu filho de 17 anos", completou. 

Questionada sobre ter se arrependido do crime, Sarah respondeu que sim. "Eu só tenho que pedir perdão porque ela [Amanda] era um anjo. Eu queria era a mãe dela, que é a culpada disso tudo. Se eu tivesse revólver era ela que eu ia pegar. Eu tava com medo de perder a minha filhinha, porque elas chamaram o conselho tutelar pra uma mãe. Na hora [do crime] eu nem pensei nisso [arrependimento], porque a dor que eu estava sentido era tão forte de lembrar que eu ia perder a minha [filha] também", finalizou. 

Pelos crimes de homicídio qualificado e fraude processual, se condenada, a pena de Sarah pode ultrapassar os 30 anos de prisão. 


 

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