Após três meses de investigação, a Polícia Civil concluiu que o assassino do repórter Rodrigo Neto e do fotógrafo Walgney Assis são a mesma pessoa. Os resultados da força-tarefa instaurada para apurar os crimes na região do Vale do Aço foram apresentados nesta terça-feira (23) e apontam Alessandro Neves Augusto, conhecido como "Pitote", como suspeito dos crimes. Além disso, o laudo de balística apontou que a arma utilizada nos crimes era a mesma. Ainda conforme a PC, "Pitote" foi preso na madrugada de 11 de junho quando chegava em casa, no bairro Novo Cruzeiro, em Ipatinga. Na ocasião, o suspeito portava uma pistola calibre 380 municiada e apresentou uma falsa carteira de investigados da Polícia Civil durante o cumprimento do mandado de prisão. Com ele foi apreendido ainda uma motocicleta Honda CB 300 e um veículo Fiat/Linea Absolute, ambos com documentação irregular. Outros dois suspeitos de envolvimento no assassinato dos jornalistas também foram detidos. Segundo as investigações, Lúcio Lírio Real é acusado de ter participado da morte de Rodrigo Neto. Já Francisco Miranda Rezendo Filho foi detido durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão em uma loja de móveis no bairro Veneza. Conforme a PC, as investigações apontavam que a arma utilizada na execução de Rodrigo Neto poderia estar escondida no estabelecimento. Entretanto, chegando ao local, a polícia não encontrou a arma do crime, mas localizou diversas espingardas, pistolas e uma submetralhadora, além de munições de vários calibres. Francisco foi preso em flagrante por porte ilegal de arma. A Polícia investiga ainda a participação de uma terceira pessoa no assassinato de Rodrigo Neto e a motivação para o crime, que até então não foi esclarecida. Já no caso do fotógrafo Walgney Assis, a motivação para o crime teria sido "queima de arquivo", uma vez que a vítima falava constantemente que "sabia quem eram os assassinos de Rodrigo Neto” e “que o crime nunca seria solucionado”. Durante a força-tarefa no Vale do Aço, a polícia instaurou nove inquéritos sobre a autoria do assassinato de 14 pessoas entre 2007 e 2013, em Ipatinga e municípios vizinhos, entre elas os crimes envolvendo Rodrigo Neto e Walgney Assis. Os crimes resultaram no indiciamento de 16 pessoas por homicídio, incluindo entre elas seis policiais civis e três militares. Outras três pessoas foram presas em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. Walgney Assis chegou a ser investigado Por causa das constantes afirmações do fotógrafo, Walgney Assis chegou a ser investigado como suspeito de ser o mandante ou o assassino de Rodrigo Neto. Conforme a Polícia Civil, no dia seguinte à morte do jornalista, Walgney teria feito alguns "comentários suspeitos com pessoas da sua convivência, dando detalhes do assassinato do jornalista". Além disso, a PC afirmou que seis dias antes da morte Rodrigo Neto, o fotógrafo foi destituído da função de “repórter policial” de um jornal da região e a função foi assumida pelo jornalista. Na ocasião, Walgney Carvalho deixou claro que não estava satisfeito e fez várias críticas severas contra o colega de trabalho. Walgney chegou a ser ouvido e confirmou os comentários feitos acerca da morte de Rodrigo Neto, mas negou envolvimento no crime. A Polícia Civil chegou a cumprir mandados de busca e apreensão na casa so fotógrafo. No entanto, nada de ilícito foi encontrado.
Entenda o caso No dia 8 de março, o jornalista Rodrigo Neto foi executado a tiros quando estava em um bar do bairro Canaã, em Ipatinga, no Vale do Aço. O repórter era especializado na cobertura de notícias policiais e durante sua carreira denunciou diversos crimes, inclusive envolvendo policiais militares e civis. Segundo a Polícia Militar, ele saía de um churrasquinho na avenida Selim José de Sales, quando dois homens chegaram em uma motocicleta escura e atiraram em sua direção. A vítima foi alvejada na cabeça e no peito. Ele chegou a ser socorrido com vida, mas morreu a caminho do Hospital Márcio Cunha. Os executores fugiram e ainda não foram localizados ou identificados. Já em 14 de abril, o fotógrafo Walgney Assis Carvalho foi morto com dois tiros em Coronel Fabriciano, na mesma região. Ele estava no bar Pesque Pague, no bairro São Vicente, quando foi atingido por tiros na cabeça e na axila. O autor dos tiros chegou no local em uma moto e usava capuz no momento do crime. Após disparar contra o fotógrafo, o suspeito fugiu com um comparsa em uma moto NX preta. A vítima era divorciada e tinha uma filha. Ele também prestava serviço para a Polícia Civil. Os crimes levantaram a suspeita da ação de um grupo criminoso, com a participação de policiais, na região do Vale do Aço e motivou o deslocamento de investigadores da capital mineira para apurar os crimes.