(RICARDO BASTOS/JORNAL HOJE EM DIA)
Há 50 anos o Teatro Marília abria as portas com o espetáculo “Vestido de Noiva”, adaptação do texto de Nelson Rodrigues e com direção de Haydée Bittencourt. A estreia foi em 29 de abril de 1964. Nos 30 dias que ficou em cartaz, a peça provocou burburinho em toda Belo Horizonte. Os ingressos para todas as sessões foram rapidamente esgotados e o que se espera, neste sábado (10), é ver algo bem semelhante. Isso porque, há um ano o Teatro Marília fechou as portas para ser reformado e revitalizado. Avaliada em 1,8 milhão, a obra foi bancada por empreiteiras a partir do projeto Adote um Bem Cultural. Nesta sexta (9), autoridades e representantes da classe artística compareceram na apresentação do novo espaço que teve uma rápida apresentação de Dona Jandira - que tocou apenas quatro músicas. No entanto, somente neste sábado, o teatro será efetivamente reinaugurado, com direito à público e à espetáculo. Quem cumpre a tarefa de subir ao palco é a Quik Cia de Dança com a peça “De nós dois. Só”. Espetáculo que integra a programação do Festival Internacional de Teatro, o FIT. A peça terá bis amanhã. Arquiteta responsável pela execução da obra, Michelle Ziade, destacou durante a apresentação que o teatro, embora tenha ganhado ar moderno, conseguiu manter boa parte das suas características originais. "Prezamos por questões funcionais, como rampas de acesso. Instalamos iluminação em LED (ecológica correta e mais econômica), retiramos o toldo da fachada e substituímos paredes por vidros de segurança, fabricamos azulejos de acordo com os originais, e ao reformular o banheiro, que ganhou mármore branco, o teatro acabou ganhando um novo espaço expositivo", explicou. Além disso o sistema de ar condicionado foi todo reformulado. "A cultura é a identidade de um povo, por isso o respeito à nossa memória deve ser valorizado. A reabertura do teatro Marília é o reconhecimento de sua importância", destacou o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB). Com problemas no som do teatro, o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Leônidas Oliveira, brincou com a equipe técnica e reforçou a relevância do teatro para a cidade. "A planilha original dizia que a reforma seria feita com R$ 6 milhões, mas conseguimos fazer com 2 milhões. Foi, portanto um esforço conjunto espantoso: reaproveitamos até os pedreiros das nossas casas", brincou ele destacando que especialmente para o Marília serão criados dois editais, um de ocupação, outro de subsídio. Ainda durante a cerimônia foram homenageados nomes que fizeram história no teatro, como a consultora cultural Marília, filha de Clóvis Salgado e quem é responsável pelo nome do espaço; Júlio Vieira, primeiro diretor do Teatro Marília; a atriz Priscila Freire, que atuou nas primeiras peças do espaço; Wilma Henriques, que igualmente subiu ao palco do teatro; e a diretora da peça "Vestido de Noiva", Haydée Bittencourt que, pelas mãos do ator Wagner Afonso, também foi homenageada.