Teatro Municipal de Santa Luzia fica pronto em abril

Renato Fonseca - Hoje em Dia
11/08/2015 às 06:44.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:18
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

Exatos 22 anos de completo descaso ganham um sopro de esperança em Santa Luzia, na Grande BH. Único espaço dedicado à encenação artística da cidade, o Teatro Municipal, que estava prestes a ruir, começa a ser recuperado. Uma reforma orçada em R$ 1,5 milhão foi iniciada há duas semanas e deve ser concluída em abril de 2016.

A deterioração do edifício de aproximadamente 500 metros quadrados foi mostrada pelo Hoje em Dia em 2011 e 2013. Infiltrações e mofo tomavam conta do espaço, que ainda tinha cadeiras quebradas, placas de gesso se soltando do teto, janelas destruídas e pregos soltos pelo chão.

Há quatro anos, um moderno projeto de restauração chegou a ser aprovado por meio de lei de incentivo à cultura, mas a obra não foi levada adiante pela prefeitura, que agora apresentou novas intervenções bem mais tímidas.

A fachada e as características neocoloniais do interior do imóvel construído no século 19 serão preservadas. Cadeiras originais em madeira, no entanto, darão lugar a novas poltronas. O péssimo estado de conservação seria o motivo.

Ar-condicionado e isolamento acústico – também previstos anteriormente – ficaram de fora. Apenas a acessibilidade do primeiro projeto foi respeitada, com rampas e espaço para cadeirantes em meio aos 215 lugares. Segundo o secretário de Cultura, João Flores, as adequações foram necessárias devido a questões orçamentárias. “O importante é que a memória de Santa Luzia será preservada. Ganha a cultura local e ganha a população”, disse.

Após reformado, além de palco para apresentações de artistas, o teatro servirá como fonte de informação para estudantes. “Nossa ideia é trazer as escolas para cá, promover visitas e contar um pouco da história do município”, acrescenta o secretário.

A sobrevida projetada deixa a comunidade ansiosa. Uma das vizinhas da construção e moradora mais antiga da rua Direita, onde fica o imóvel, Luzia Carmélia Fonseca, de 100 anos, aguarda pelo término da obra. “Tomara que dê tudo certo. A cidade merece isso”.

Ponto a ponto

Erguido na década de 1960, o prédio abrigou o Teatro Trianon, em estilo elisabetano. Com o surgimento do cinema, o espaço foi obrigado a se adaptar, transformando-se em cineteatro. Na década seguinte, a construção foi demolida, sendo reconstruído o atual edifício com o nome de Teatro Antônio Roberto de Almeida.

O local já foi destaque na cultura regional e até nacional. Segundo relatos de moradores mais antigos, atores, bailarinos e músicos de diversas partes do país já subiram ao palco da secular construção. A última reforma ocorreu no início dos anos 80.

Em junho de 2011, a restauração do teatro chegou a ser aprovada pelo Ministério da Cultura. A Prefeitura de Santa Luzia teria que captar recursos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet). Quase R$ 3 milhões foram aprovados para serem investidos na reforma.

Um projeto chegou a ser elaborado e aprovado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha). Apenas a fachada seria preservada, seguindo as características coloniais do imóvel. O restante seria demolido.

O espaço teria capacidade de 315 lugares. Telhado, cobertura e piso, além de modernos recursos acústicos, elétricos, de sonorização e multimídia estavam previstos na empreitada. Até mesmo um sistema de ar-condicionado chegou a ser pensado. Porém, a administração municipal alegou não ter obtido parcerias para arcar com as despesas.

Em 2013, o atual prefeito, Carlos Calixto, chegou a anunciar, com pompa, que faria uma reforma no teatro. Um novo projeto seria apresentado, mas com intervenções bem distantes do que tinha sido acordado com o Iepha. Dois anos após a promessa, somente agora a obra começa a sair do papel.

 

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