(Frederico Haikal)
Pouco se fala sobre a relação entre os tratamentos contra o câncer e a fertilidade dos pacientes. Fato é que quem se submete a procedimentos como químio e radioterapia pode ter comprometida a capacidade reprodutiva.
O alento vem da ciência. À medida em que avançam as terapias de combate à doença – segunda causa de morte entre os brasileiros –, crescem também as possibilidades de, nessas condições, conseguir gerar um filho.
Em 2011, a administradora Ana Carolina Calabró Queiroga, de 40 anos, recorreu a um procedimento pouco comum, mas que garantiria, no futuro, o sonho dela e do marido de aumentar a família. Casada há cinco anos, ela recebeu o diagnóstico de câncer de mama e decidiu congelar um embrião.
“Estávamos planejando ter um bebê e a notícia chegou, num primeiro momento, de forma assustadora. Mas, hoje, fico mais tranquila em saber que, quando desejar, posso conseguir ser mãe”, conta.
Fertilização
Assim como ela, homens ou mulheres em tratamento oncológico que desejam aumentar a prole ou ter o primeiro filho têm à disposição uma série de tratamentos que conseguem conservar, mesmo que parcialmente, a fertilidade.
“Diagnósticos precoces têm possibilitado chances de cura cada vez maiores. Em função disso, os médicos têm se preocupado ainda mais com a qualidade de vida de pacientes. Um ponto importante é garantir a fertilidade”, comenta o ginecologista Ricardo Marinho.
Ao lado de um grupo de mais de 70 especialistas, o diretor-científico da Pró-Criar Medicina Reprodutiva, em Belo Horizonte, lança nesta terça (20), na capital, o livro “Preservação da Fertilidade: Uma Nova Fronteira em Medicina Reprodutiva e Oncológica”.
Ele explica que ao mesmo tempo em que os tratamentos destróem as células tumorais, também podem atingir as germinativas (óvulos e espermatozoides). Congelar óvulos e espermatozoides ou ainda parte dos tecido ovariano e testicular são opções para garantir, no futuro, o sonho alimentado por muitos casais de ter um filho.
A oncologista Vanessa Almeida de Oliveira, da Oncomed, reforça que é fundamental que a orientação sobre as opções de tratamento para esses casos venha dos médicos. “Além de alguns tipos de câncer que por si só já são prejudiciais à fertilidade, os tratamentos também podem ser danosos. O principal, diante de um diagnóstico, é que o paciente, já fragilizado, seja orientado”, diz.