(Arte HD)
Com o crescimento dos adeptos da corrida e da caminhada, novas tecnologias tornam-se aliadas na escolha do melhor tênis ou palmilha para a prática do esporte. Afinal, não basta colocar qualquer calçado e sair por aí. A forma como se pisa pode influenciar na postura, causar dores e até lesões nas articulações, joelhos e coluna, alertam especialistas. O tema será debatido no Congresso de Podologia Avançada, dentro do evento Professional Fair 2015, no Expominas, neste domingo (12) e na segunda-feira. Ortopedista da Clínica do Pé, Wagner Vieira explica que a tipo de pisada influencia no chamado eixo mecânico – alinhamento do corpo durante a caminhada. “Um pisada para dentro ou para fora reflete no corpo todo. Tênis e palmilhas específicos são feitos para alinhar esse eixo”. Avaliação Quem pratica atividades de alto impacto, como corridas a partir de 15 km, tem que procurar um fisioterapeuta ou ortopedista para avaliar toda postura, destaca Wagner. Em caso de dores nos pés e em outros membros, a avaliação também é indicada. Aparelhos modernos são utilizados para realizar o diagnóstico do tipo de pisada e indicar o melhor tratamento. Um deles é o podoscópio digital, equipamento portátil que capta a pisada de forma estática. Outro aliado é o Dartfish – software de vídeo que identifica alterações na marcha que não são perceptíveis a olho nu. Atualmente, o aparelho é usado por confederações esportivas, clubes e clínicas de fisioterapia. “Com os dois equipamentos, avalio o tipo de pé, eixo mecânico e como a pessoa se comporta durante o movimento”, explica a fisioterapeuta Kelvia Rodrigues D’Angelis Bonass. Diagnóstico em mãos, podem ser indicados uma palmilha ou calçado especial para o tipo de pisada, além de exercícios de fortalecimento. Mudança Corredor de carteirinha, o consultor administrativo Edison Gabriel de Rezende, de 52 anos, percebeu que os tênis estavam desgastando rapidamente, causando dores nos pés e pernas. Na internet, ele soube que o formato dos pés era pronadora (veja ao lado), e comprou seis pares de tênis, sem sucesso. Foi, então, que ele procurou um ortopedista e descobriu que, apesar de ter um tipo de pisada parado, ao caminhar tinha outro: a supinada. Ele precisou de uma palmilha especial para corrigir o problema. “Sem forçar nada, além da caminhada ficar mais leve, aumentei o ritmo. Baixei minutos sem esforço”. Já a auxiliar administrativa Cristina de Fátima Liberato Franco, de 36 anos, procurou o ortopedista por causa de dores nos pés e calcanhar, agravadas nos últimos dois meses. “Preciso fortalecer e alongar na caminhada, além de palmilha especial, que será indicada com o resultado do exame”, comentou. Experiência Na visita à Clínica do pé, conheci como funciona o diagnóstico da pisada. Não é apenas a forma como você pisa, mas como seu corpo se comporta nesse processo. Por isso, aqueles testes, muito divulgados pela internet, como o da pisada no jornal, podem não ser eficazes. É avaliado o conjunto, o que os especialistas chamam de eixo mecânico. Para isso, primeiro é analisada a postura, parada e ao caminhar. Depois, um aparelho (podoscópio digital) e um software (dartfish) auxiliam na interpretação da pisada e na sua forma de caminhada. No Dartfish, todos os ângulos dos membros (joelhos, pés, pernas) são interpretados. No final do diagnóstico, a fisioterapeuta informou que a minha pisada é levemente pronada (impulso pelo dedão). Em caso de atividades de impacto, como corrida, é indicada uma palmilha para pisada pronada. O tênis pode ser o de pisada neutra ou pronada. A minha pisada ainda não causou alterações nos joelhos e quadril, mas a longo prazo pode ter consequências, como lesões. Em casos mais graves, é preciso intervenção cirúrgica. Por isso, o ideal é a prevenção. Segundo especialistas, já é possível encontrar o tênis específico nas lojas. As palmilhas também podem ser compradas em lojas especializadas. O diagnóstico é interessante para quem vai começar a correr, mas o ideal inicialmente é procurar um fisioterapeuta ou ortopedista. Só ele poderá avaliar o mais adequado para você. Quem precisa da avaliação com os equipamentos precisará desembolsar em média R$ 300 (exames) e R$ 120 (palmilhas), quando necessárias. O desequilíbrio do corpo pelo tipo de pisada, a longo prazo, pode gerar lesões e até a necessidade de cirurgias de correção