Temendo chuvas, prefeitura de Ouro Preto antecipa remoção de famílias que vivem sob mina da Vale
(Vale/Divulgação)
Vinte e oito famílias do distrito de Antônio Pereira, em Ouro Preto, na região Central do Estado, serão retiradas pela prefeitura da cidade da área que fica abaixo da barragem Doutor, da mina de Timbopeba, da Vale. A medida está sendo tomada devido ao grande volume de precipitações.
O temor da Defesa Civil é que o reservatório, que está no nível 1 do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM), tenha a estabilidade abalada com o volume de chuva registrado desde o fim de 2019 na região. O nível, numa escala de risco que vai até 3, não exige evacuação de famílias que vivem à jusante.
A barragem Doutor não recebe rejeitos desde março de 2019 e começará a ser descaracterizada em março, conforme o plano da Vale acordado com órgãos municipais e estaduais. Segundo a mineradora, a remoção das 28 famílias também é uma forma de garantir segurança aos moradores durante as obras.
"Essas pessoas serão encaminhadas para hotéis da região e, posteriormente, para moradias temporárias conforme as suas escolhas. Importante ressaltar que se trata de uma remoção preventiva programada", informou a companhia.
O prefeito de Ouro Preto, Júlio Pimenta (MDB), diz que reuniões estão sendo feitas com a comunidade de Antônio Pereira e que as crianças e adolescentes não serão realocadas de escolas. O distrito não será esvaziado. Só quem mora na parte baixa será retirado de casa.
"Foi uma decisão da prefeitura. É uma ação preventiva de retirar quem mora próximo ao rio Tabuleiro. Tivemos mais de 500 ocorrências relacionadas à chuva e ainda temos dois meses de período chuvoso pela frente", ressaltou.
A escala de trabalho envolve duas etapas. Na primeira, enquanto reuniões acontecem com toda a comunidade, os moradores da parte baixa serão levados para casas do próprio distrito. Depois, levados a hotéis, pensões ou imóveis alugados pela mineradora. Ao todo, 160 animais também serão recolhidos e levados a uma fazenda.
Mesmo com a barragem estando em nível 1, o prefeito garantiu que, em caso de rompimento, o centro histórico de Ouro Preto, a 40 km do distrito, não será atingido. Segundo Pimenta, o Carnaval da cidade está garantido.
"Vai acontecer normalmente. Não há nenhum risco para o centro nem motivo para pânico", declarou.
A decisão de descaracterizar a barragem Doutor foi tomada no fim de 2019 pela Vale, após a Agência Nacional de Mineração (ANM) modificar o método construtivo da estrutura de linha de centro para montante. A companhia então optou pelo desativamento. O processo pode durar até oito anos.