(Maurício Vieira/Hoje em Dia)
Deslizamentos de terra e risco de novos desabamentos obrigaram a saída forçada de casa de 30 mil pessoas em Minas. No Estado, 653 municípios têm, no máximo, esse total de habitantes. Além dos desalojados e desabrigados, o último temporal deixou 50 mortos e duas desaparecidos. A previsão é de mais chuva nos próximos dias – para hoje, o volume pode chegar a 100 milímetros em algumas regiões.
Quem precisou largar tudo às pressas para sobreviver relata a angústia de não ter um lar. Caso da auxiliar de produção Michele Vieira dos Santos, de 30 anos. Grávida de oito meses, ela e os dois filhos, de 7 e 14, foram levados para uma pousada no bairro Floresta, região Leste de BH.
A mulher agradece por estar viva – depois de ter visto cinco vizinhos morrerem soterrados no Jardim Alvorada, na Pampulha –, mas teme pelo futuro. A principal preocupação é ganhar o bebê longe da residência. “Tenho muito medo de retornar, minha casa está ameaçada. Porém, não posso ter minha menina aqui”, lamenta.
Do antigo imóvel, pago em diversas prestações, Michele conseguiu levar apenas uma bolsa com roupinhas para a filha. Assim como ela, a desempregada Izabella Tábata Gomes, de 36, aguarda por uma definição. Quer saber se poderá voltar ou ter auxílio para pagar aluguel.
“Já é sofrido perder tudo o que foi conquistado durante uma vida. Mas é ainda mais angustiante não ter um rumo”, disse a mulher, que morava no Pindorama, Noroeste de BH. Ela, a companheira e dois enteados estão na pousada.
Desolação
Ao todo, 116 pessoas desabrigados ou desalojados estão no abrigo provisório. O tratamento recebido agrada a auxiliar de cozinha Lucimar Silva Costa, de 27.
“Aqui tenho quatro refeições, banho quente e roupa de cama. Contudo, nada substitui o conforto do nosso lar”. Ela e dois filhos estão precisaram sair da residência no Jardim Alvorada.
“É muito triste o que estou vivendo. O sofrimento é duplo, por ver de perto as mortes dos vizinhos e por não ter onde morar com minha família”, diz ela.
Quem também tem dois filhos e segue no local é Lucinei de Oliveira, de 46. O sonho dele é ter um lugar próprio e seguro para morar.
A casa, no Morro das Pedras (Oeste da capital), foi condenada após a constatação de várias rachaduras. “Tinha muita goteira. Na sexta, foi tomada pela lama. Hoje, nem identidade tenho. Mesmo assim, agradeço a Deus por estar vivo com minha família”, lamenta.
Abrigo
Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que, atualmente, 160 pessoas foram acolhidas. Na pousada da rua Célio de Castro, no Floresta, as vítimas recebem café da manhã, almoço, lanche e jantar. “Todas as necessidades dos desalojados estão sendo supridas com muito amor”, garantiu a proprietária do espaço, Janice Araújo.
A metrópole continua em estado de alerta. “A força-tarefa envolvendo as mais diversas áreas da administração continuarão atuando 24 horas por dia”, garantiu a prefeitura.
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