Projeto piloto é estudado pela prefeitura, mas ainda sem data prevista para a implementação
Para especialista, implantação de pistas exclusivas para motos depende da análise da dimensão das vias, o que inviabilizaria adoção na Cristiano Machado, Pedro II e Amazonas (Maurício Vieira/ Hoje em Dia)
A Via Expressa, que liga Belo Horizonte a Contagem, deve ser a primeira via da capital a receber faixas exclusivas para os motos. Um projeto piloto é estudado pela Prefeitura de BH na tentativa de reorganizar o trânsito e garantir mais segurança a pilotos, motoristas e pedestres. Apesar da definição, ainda não há data prevista para a implantação do novo corredor.
Segundo a PBH, a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana realizou avaliações nos principais corredores viários da metrópole para identificar locais com potencial para receber as motofaixas.
A análise da secretaria considerou exemplos de outras cidades, como São Paulo, e observações específicas da realidade local. Segundo a pasta, entre os trechos analisados, o que apresentou melhores condições para o projeto piloto foi justamente o da Via Expressa, que engloba parte da avenida Tereza Cristina.
A escolha, segundo a prefeitura, levou em conta o alto fluxo de motocicletas registrado na via e a largura adequada das faixas de rolamento, o que possibilita a implantação da infraestrutura com segurança.
No momento, a proposta está em fase de autorização interna e elaboração do projeto, etapa necessária para dar entrada na solicitação junto à Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Como o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) não prevê as faixas exclusivas para motocicletas, a implantação depende de autorização da Senatran.
Conforme o Hoje em Dia mostrou, o corredor exclusivo para motos é uma das apostas da Prefeitura de BH para reorganizar o trânsito. A administração municipal acionou a Senatran para tratar do assunto em março.
O número expressivo de acidentes envolvendo motos em BH fez a motofaixa ser debatida na cidade. No início do ano, a medida começou a ganhar força na metrópole em meio à “invasão” de serviços de mototáxi.
Levantamento elaborado com base nos socorros prestados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), pelo menos dois acidentes de trânsito envolvendo motos são registrados a cada hora na capital.
O Hoje em Dia também ouviu especialistas em tráfego para avaliar implantação da nova sinalização em algumas avenidas. Para eles, as análises devem considerar de forma criteriosa as dimensões das vias.
Segundo o consultor em transporte e trânsito, Osias Baptista, o mecanismo funciona bem na capital paulista, mas ainda é experimental. “Tem de se verificar as dimensões das avenidas em BH, para ver se cabe, e compatibilizar com os projetos de faixa exclusiva de ônibus. Possivelmente, na Via Expressa, Antônio Carlos, Pedro I e Andradas seja possível. Nas avenidas Cristiano Machado, Pedro II e Amazonas, dificilmente”, destacou.
Osias, que também é motociclista, afirma que a faixa azul pode ajudar a reduzir os índices de acidentes em BH, mas também depende dos cuidados tomados pelos pilotos. “Uma questão importante em BH é que praticamente não existe fiscalização de comportamento dos motociclistas, que se sentem à vontade para infringir todas as regras, o que causa grande parte dos acidentes”.
* Com Bernardo Haddad