Morte de Marília Mendonça

Torres estavam fora de área de proteção do aeroporto e não tinham obrigatoriedade de sinalização

Raíssa Oliveira
raoliveira@hojeemdia.com.br
04/11/2022 às 13:04.
Atualizado em 04/11/2022 às 13:18
 (DIvulgação/Site oficial de Marília Mendonça)

(DIvulgação/Site oficial de Marília Mendonça)

A torre de distribuição da Cemig atingida pela aeronave que transportava a cantora Marília Mendonça não tinha obrigatoriedade de sinalização. Isso porque a rede estava fora da zona de proteção do Aeródromo de Caratinga, onde ocorreu o acidente em 5 de novembro de 2021. A informação foi divulgada pela Polícia Civil em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (4).

"Não há dúvida que a aeronave se chocou contra o para-raio da Cemig. O que a polícia averiguou é que não havia obrigatoriedade daquela rede estar sinalizada. Isso porque ela estava fora da zona de proteção", explicou o delegado Ivan Lopes, responsável pelo caso. 

Segundo o delegado, as torres também não constam no Notam, documento emitido pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e usado em todos os aeroportos para descrever obstáculos dentro da área de pouso, já que elas estavam a 4,6 mil metros da cabeceira pista e, portanto, fora da área de proteção prevista. 

"O documento emitido pelo Decea que consta qualquer tipo de obstáculo dentro da zona de proteção, de 3 quilômetros de extensão. Cabe ao piloto consultar esse informe. Essas torres não estão no Notam e até hoje não estão. Também não há obrigação em decorrência da altura porque estão a cerca de 35 metros, e são consideradas baixas", explica. 

Cemig confirmou choque com cabo de torre de energia

Ainda na noite do acidente, a Cemig informou que a aeronave que caiu em Piedade de Caratinga e vitimou a cantora Marília Mendonça, bateu em um cabo de uma das torres de energia da empresa. O choque com o cabo de energia é apurado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa).

No dia seguinte, a Cemig informou que a torre de distribuição atingida pela aeronave que transportava a cantora Marília Mendonça está fora da zona de proteção do Aeródromo de Caratinga.

“Reiteramos que a Cemig segue rigorosamente as Normas Técnicas Brasileiras e a regulamentação em vigor em todos os seus projetos. As investigações das autoridades competentes irão esclarecer as causas do acidente. A Companhia novamente lamenta esse trágico incidente e se solidariza com parentes e amigos das vítimas”, disse a empresa à época. 

Linhas de investigação

Conforme Ivan Lopes, a possibilidade de obrigatoriedade de sinalização das torres integrava a vertente de investigação 'meio', que também apurava condições meteorológicas adversas. Essa linha investigativa foi descartada. 

A Polícia, agora, segue em outras duas vertentes de investigações: Humana e Máquina. A primeira delas, apura se houve responsabilidade do piloto no acidente. A outra apura se houve falhas na aeronave que possam ter contribuído para a queda de altitude e, consequente, choque com a rede de energia. Essa linha depende, no entanto, dos laudos elaborados pelo Cenipa.

Relembre o acidente com Marília Mendonça

Uma aeronave de pequeno porte caiu em uma cachoeira de Piedade de Caratinga, próximo ao acesso da BR-474, na região do Vale do Rio Doce, por volta das 15h30, do dia 5 de novembro de 2021. Horas depois do acidente, o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais confirmou que Marília Mendonça estava entre as vítimas fatais. 

O acidente também vitimou o produtor da cantora, Henrique Ribeiro, e seu tio Abicieli Silveira Dias Filho – nomes e óbitos também foram atestados pela assessoria da própria artista. O piloto e o copiloto, Geraldo Martins de Medeiros Júnior e Tarciso Pessoa Viana, também não sobreviveram à queda. 

O avião com a cantora sertaneja havia decolado de Goiânia, na tarde de 5 de novembro, com destino a Caratinga, onde Marília teria uma apresentação.

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