Trabalho escravo contra bolivianos é descoberto em fábrica de roupas da Grande BH

Tabata Martins - Hoje em Dia
11/11/2013 às 16:40.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:05

A denúncia de um estrangeiro levou a Polícia Militar (PM), na tarde desta segunda-feira (11), a uma fábrica de roupas em Ribeirão das Neves, na Grande BH, onde um grupo de bolivianos estava sendo forçado a trabalho escravo. De acordo com a PM, uma das vítimas, Walter Irineo Kuiste Poma, de 25 anos, acionou os militares do 40º Batalhão com a intenção de pedir ajuda para os seus dois filhos, de 2 e 3 anos.   Ele relatou aos policiais que as crianças precisavam de atendimento médico, uma vez que estão desnutridas porque ele não tem dinheiro para comprar alimentos para a família. Questionado sobre o motivo da falta de recursos, Walter acabou revelando que estava sendo vítima de trabalho escravo há 7 meses, quando veio para o Brasil para trabalhar na fábrica de roupas. O boliviano afirmou que, desde que foi contratado, só recebia quando as peças que confeccionava eram vendidas. Caso contrário, o pagamento era retido até que uma venda fosse efetivada.   Depois de ouvir a denúncia, os policiais levaram os filhos do estrangeiro até a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do bairro Justinópolis, onde permanecem internados em observação. As crianças foram acompanhadas da mãe, Tatiana Villavicêncio Chambi, de 23 anos. A jovem também alegou estar sendo escravizada.   Na fábrica de roupas, na rua Santos de Oliveira e Silva, bairro Bom Sossego, os policiais encontraram a dona da confecção, Sirley Raimunda de Castro, de 40 anos, e outros bolivianos, Jorge Luiz Valença Cordeiro, de 27, José Luis Ninaja Kuiste, de 25, e Jimmy Valença Cordeiro, de 30. Todos os funcionários confirmaram a denúncia feita por Walter.   Conforme depoimento de Jimmy Cordeiro, os estrangeiros eram forçados a trabalhar pelo menos 15 horas por dia ou mais. Ele ainda confirmou o fato de o pagamento só ocorrer quando algum cliente de Sirley gostasse ou comprasse alguma peça produzida por eles. O boliviano relatou ainda que, se errasse em alguma peça, a mesma tinha que ser consertada para que ele tivesse a chance de vender e, quem sabe, receber.   Em contrapartida, ele denunciou Walter ao afirmar que, antes dele ter feito a denúncia, teria ido à fábrica e o ameaçado de morte dizendo que "iria morar no bairro Landi e mandar uns homens o matarem". A denúncia de ameaça foi relatada por Sirley e Jorge ao serem ouvidos. A situação de trabalho escravo também foi apontada por José Luis, que deu praticamente a mesma versão de Jimmy.    Todos os envolvidos no caso, vítimas e autores, foram levados para a Delegacia de Polícia Federal de Belo Horizonte. Entre os estrangeiros conduzidos, há parentes e apenas Jorge apresentou a documentação exigida para estrangeiros viverem no Brasil. O restante estava no país em situação irregular e isso também será investigado pela PF.

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por