Trabalho integrado é apontado como estratégia para combater alta de crimes contra o patrimônio

Gabriela Sales
gsales@hojeemdia.com.br
05/10/2016 às 10:37.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:06
Maioria dos casos não chega ao conhecimento da polícia (Divulgação)

Maioria dos casos não chega ao conhecimento da polícia (Divulgação)

Trabalho integrado de identificação e combate à receptação e venda de produtos roubados são algumas das estratégias destacadas por especialistas na tentativa de diminuir o número de roubos no Estado. Segundo dados da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), nos oito primeiros meses de 2016 houve uma elevação de 18% na prática de roubos em Minas Gerais, configurando média de 362 crimes por dia.  

O coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolítico da PUC Minas e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Robson Sávio, analisa que os números referente a roubos no Estado e na capital mineira refletem a oportunidade que criminosos têm para cometer este tipo de delito. “Crimes contra o patrimônio são sazonais, ou seja, dependem da oportunidade, da vítima em situação vulnerável e até mesmo do tipo de produto a ser roubado. Se terá um valor no mercado negro”, explica.

Ainda de acordo com Sávio, a grande dificuldade de diminuir este tipo de delito está na complexidade de identificar as quadrilhas que fazem a receptação e a venda de produtos roubados. “Infelizmente a polícia atua apenas na repressão. É preciso um investimento na prevenção para assim evitar a migração de crimes”

Políticas Públicas

Na avaliação do presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar e Bombeiro Militar de Minas Gerais (AOPMBM/MG) e especialista em segurança pública, tenente-coronel Ailton Cirilo da Silva, a falta de políticas públicas contribui para o crescimento de crimes contra o patrimônio. “Um conjunto de fatores, como um órgão de investigação forte e um judiciário que dê uma resposta rápida e eficiente, aliados a políticas públicas como oportunidades de educação, saúde, geração de emprego e inserção social,  ajudam a diminuir os grupos envolvidos na criminalidade”, reforça.

O especialista ressalta que a sensação de impunidade também favorece a prática deste tipo de crime. "Grande parte dos delitos são considerados pela justiça de menor potencial ofensivo", explica. 

Números

Neste ano, o Estado registrou 87.035 ocorrências de roubo nos oito primeiros meses. No ano passado, no mesmo período, foram 73.290 crimes. Em Belo Horizonte, 31.306 pessoas tiveram bens roubados, contra 27.138 assaltos computados no mesmo período do ano passado.

A especialista em gestão de segurança pública da Polícia Militar, coronel Cláudia Romualdo, explica que todos os trabalhos de prevenção são realizados pelas polícias. "As patrulhas e a identificação de áreas de vulnerabilidade são constantes. O serviço de inteligência também ajuda a identificar  a tipificação dos crimes contra o patrimônio, o que melhora a estratégia de atuação da polícia". 

A coronel reforça também que a participação da comunidade ajuda os órgãos de segurança a identificar os envolvidos neste tipo de crime. “A denúncia das vítimas nos possibilita a análise do tipo de crime, os envolvidos e quais serão as estratégias que podem ser adotadas para evitar o crescimento deste tipo de delito”.


 

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