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O alento para tanta dor vem de longe. As doações de roupas, sapatos, alimentos, chegam de todo o Estado. No Centro de Convenções de Mariana, região Central de Minas, milhares de artigos são separador e organizados para serem entregues às famílias que perderam tudo no rompimento das barragens da Mineradora Samarco, na última quinta feira (5).
A ajuda chega também em forma de trabalho voluntário. O estudante Luiz Felipe Cizilio Freitas, de 19 anos, parou os estudos para poder colaborar. "É muita gente necessitada, toda ajuda é bem-vinda". Ele é morador de Mariana, mas conta que no final de semana haviam voluntários de Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro.
A secretaria Conceição Silva, de 43 anos, não pode trabalhar nesta segunda-feira (9). A escola onde é empregada fica no distrito de Cláudio Manoel, que está sem acesso por causa da queda de uma ponte, levada pela lama. Mas ela não quis ficar em casa. "Vim ajudar na triagem das roupas. É uma questão de solidariedade", salienta.
Esforço que o ajudante geral, Juarez Francisco, de 44 anos, agradece. Ele morava em Bento Rodrigues, o distrito mais devastado. Ainda muito abalado, veio buscar roupas, sapatos, porque não teve tempo de recuperar nada. "Foi uma correria, um desespero, não consigo ainda falar direito sobre o que aconteceu. Perdi tudo", conta.
Segundo o servidor da prefeitura, Rodrigo Gomes Ferreira, designado para coordenar o trabalho no Centro de Convenções, diz que o volume de roupas recebido já é o suficiente. "Precisamos mais agora de produtos de higiene pessoal, como pasta de dente, papel higiênico e roupas íntimas novas", enumera.
Solidariedade
Cerca de 260 pessoas trabalharam como voluntárias, neste domingo, apenas no Centro de Convenções de Mariana, um dos pontos de chegada e distribuição de doações para os desabrigados do rompimento das barragens da Samarco.
Nesta segunda, mais de 60 pessoas já se apresentaram para fazer a assistência aos necessitados. A historiadora Adriana Carvalho é uma das voluntárias e ajuda na coordenação.
Segundo ela, a logística seguida é orientada pela Defesa Civil. Depois de separados os artigos, como roupas, sapatos e produtos de higiene pessoal, os desabrigados têm acesso ao espaço para pegarem o que necessitam.
"Essas pessoas perderam mais que bens materiais, perderam seu lugar de origem, suas referências. Precisam ser tratadas com muito carinho", diz.
A estudante Suzyanne Martins, de 15 anos, está ajudando desde a quinta-feira. "Eu jogo vôlei e estava na Arena, quando as pessoas começaram a chegar. Ai ajudei a dar banho nas crianças e agora estou aqui no Centro de Convenções colaborando no cadastramento dos voluntariados e também na entrega das doações", conta.
A tragédia em Bento Rodrigues fez Suzyanne lembrar de quando ela e sua família precisaram ser resgatados pelos Bombeiros, numa enchente em Mariana. "Vou algo bem menos grave, mas me coloco no lugar destas pessoas. Se cada um tirar uma hora do seu dia, podemos fazer muita coisa".
Doações suspensas
A prefeitura de Mariana está coordenando as doações aos desabrigados, devido ao rompimento das barragens de Fundão e Santarém, que atingiu Bento Rodrigues e outros distritos da região.
Os donativos estão sendo recebidos no Centro de Convenções, na avenida Getúlio Vargas, no Centro da Cidade. Segundo a assessoria de imprensa da administração municipal, neste momento novas campanhas de doações devem ser suspensas, porque agora a necessidade é de artigos específicos, como produtos de higiene pessoal e roupas íntimas.
A prefeitura pede também que seja privilegiada a doação em dinheiro. Duas contas foram disponibilizadas (Banco do Brasil, agência 2279-9, conta 10.000-5, CNPJ 18.295.303/0001-44 e Caixa Econômica, agência 1701, operação 013, conta poupança 100-2, CNPJ 18.295.303/0001-44).As dúvidas sobre as doações também podem ser esclarecidas pelos telefones (31) 35579003, (31) 35579004 e (31) 35579041.