Discriminação e falta de decisão política são os principais entraves para o combate à Aids no mundo. A avaliação é do diretor executivo adjunto do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, Luiz Loures. Segundo ele, é preciso dar nova ênfase ao tratamento, de maneira que ele seja associado aos direitos humanos.
“Na minha opinião, temos a ciência do que necessitamos para acabar com a Aids. Sem dúvida, podemos avançar mais, mas já existe a possibilidade de tomar um remédio a cada cinco ou seis meses ao invés de tomar todos os dias. A vacina caminha mais lentamente, mas continua avançando, e a cura também é possível. Não é a ciência que nos bloqueia”, afirmou Loures.
Ele participou ontem de evento que marcou os 30 anos do Centro de Treinamento e Referência de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da UFMG.
Portador do vírus da Aids há três décadas, Floriano Leite, de 63 anos, sabe bem o que é lidar com o preconceito da sociedade e com o despreparo de alguns profissionais da área de saúde. “Há 30 anos, o que dominava era o pânico. Estava todo mundo perdido e o cenário era realmente horroroso”, lembra.
Responsabilidade
Na avaliação do infectologista e professor do Departamento de Clínica Médica da UFMG, Dirceu Greco, diante dos avanços técnicos alcançados pela medicina, a busca, agora, deve ser pela conscientização da população sobre a doença.
“Ela está presente na vida de todos nós, não existem grupos nem comportamento de risco, existem situações. Isso quer dizer, por exemplo, fazer sexo sem proteção com uma pessoa que você não sabe se está infectada”, alerta o especialista.