Túnel do Ponteio, obra ‘barata’ que não seduz empresas

Carlos Calaes - Do Hoje em Dia
07/07/2012 às 09:25.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:23
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

Enquanto o Japão assombrou o mundo e levou apenas seis dias para reconstruir 150 metros da rodovia Grande Kato, destruídos no terremoto de março do ano passado, em Belo Horizonte, o Túnel do Ponteio, no km 3,1 da BR-356, com pouco mais de 50 metros em curva, danificado pelas chuvas em 15 de dezembro do mesmo ano, continua interditado. E sem previsão para o início das obras. Na sexta-feira (6), o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes em Minas Gerais (Dnit-MG) informou que tenta resolver o problema, mas que ainda não há qualquer previsão para o início dos trabalhos. Embora exista uma licitação (processo 50606003115201176) para serviços de recuperação, estabilização e drenagem de taludes na rodovia BR-356/MG, o procedimento foi paralisado, pois construtoras não teriam apresentado a documentação exigida no edital.   A abertura das propostas das empresas aconteceu em 28 de maio passado. Caso houvesse vencedora, os trabalhos começariam dentro de 45 dias, ou seja, na próxima semana, com duração de quatro meses.   No entanto, segundo o Hoje em Dia apurou, o contrato da obra, avaliado em R$ 4 milhões não teria sido considerado “atraente”. Daí, nenhuma empreiteira se habilitar para a intervenção.   Na sexta-feira, o Hoje em Dia percorreu o interior do túnel e constatou que, em tese, as obras são relativamente simples. O interior do túnel está cheio de lama e a queda de um barranco e de uma escada interditam a saída do retorno à rodovia em direção ao Centro da capital.    A retirada da lama deve ser o menor dos problemas. Já a recuperação do talude (barranco) e a recolocação de uma escada na saída do túnel são as fases mais complicadas.   O Dnit-MG informou que o talude precisa ser reforçado, mas que a estrutura do túnel está intacta e não necessita de reparos, pois não apresenta rachaduras ou infiltrações. Em outras palavras, falta apenas quem queira assumir a responsabilidade e tocar a obra.    Enquanto isso, comerciantes do Shopping Ponteio amargam prejuízos na ordem de 20% segundo cálculos do gerente de marketing Luiz Sternick. Um dos motivos é que a interdição do túnel obriga clientes do shopping ou outros motoristas a seguir pela BR-356 para fazer o retorno no BH-Shopping, o que aumenta o percurso em cerca de 3,5 quilômetros. Sternick preferiu não se manifestar a respeito do atraso das obras.    A reportagem constatou que, embora interditada e erma, diversas pessoas utilizam a passarela lateral do túnel para passar por baixo da BR-356, nos dois sentidos, e ganhar tempo.    A diarista Vera Lúcia Ferreira, de 40 anos, admitiu que, apesar de se sentir insegura, usa a passagem todos os dias. Ela denunciou que, a partir das 17h, o local vira ponto de viciados de drogas. “Passo aqui sempre com medo”, disse.

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