Estudo

UFMG estuda técnica capaz de baratear testagem em massa para Covid-19; veja como funciona

Da Redação
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Publicado em 21/12/2022 às 16:58.
 (Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

Uma Pesquisa da Faculdade de Medicina da UFMG avaliou a técnica de agrupamento de amostras, chamada pool testing, como forma de aumentar a oferta e baratear os testes para detecção da Covid-19. A iniciativa, inédita na América Latina, é uma forma viabilizar a testagem em massa em momentos como a volta às aulas de escolas.

No pool testing, até 32 amostras de swab de nasofaringe (teste realizado no nariz) podem ser utilizadas para um mesmo reagente no método RT-PCR. Se o pool der negativo, todos os testados estão liberados. Essa é uma forma de economizar reagentes e baratear o custo.

Somente se o pool confirmar um resultado positivo, as amostras são testadas individualmente para localizar os infectados dentro daquele grupo. 

A técnica foi adaptada para a testagem de Covid-19 pelo pesquisador Murilo Soares Costa, autor de tese de doutorado defendida na semana passada no Programa de Pós-graduação em Infectologia e Medicina Tropical. Segundo ele, não é necessária uma nova coleta para os testes individuais de pools que positivarem para o vírus. “Após a coleta, armazenamos o swab em um meio de cultura viral, possibilitando a repetição de quantos testes forem necessários”, explica. 

A pesquisa mostra que a aplicação pode ser vantajosa em situações de volta às aulas, em ambientes de trabalho, em grupos de pacientes que aguardam por cirurgias eletivas, em pessoas assintomáticas que tiveram contato direto com casos positivos ou em outros cenários com baixa prevalência.

Método

No estudo, os testes foram realizados no Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas) da UFMG, com amostras coletadas na UPA Centro-Sul de Belo Horizonte. Cada pool incluiu 3, 4, 8, 12 ou 16 amostras, a depender do cenário epidemiológico, analisado pela equipe semanalmente. Quanto menor a chance do resultado ser positivo, mais amostras podem compor um mesmo grupo.

Na UPA, foram coletadas 1.358 amostras de pacientes suspeitos de Covid-19, que deram entrada no serviço de setembro de 2020 a março de 2021. Ao todo, os pacientes foram divididos em 504 pools. Desses, 333 foram detectáveis para Covid-19 e 171 não detectáveis. 

Dos 171 pools que negativaram havia amostras de 459 pacientes. Nos grupos que positivaram, foram feitos testes individuais (com um reagente para cada amostra), a fim de localizar os infectados. Nesse estudo, foi evitado o uso de 288 reagentes. 

A testagem concluiu que 915 pacientes não estavam com Covid-19, enquanto 443 foram diagnosticados. O resultado foi obtido, em média, entre 48 e 72 horas após a coleta. 

O pesquisador defende o uso do pool testing para a ampliação dos diagnósticos via RT-PCR, o padrão-ouro para Covid-19. “O Brasil falhou no quesito testagem. Vimos um apagão de exames, com baixa oferta da RT-PCR durante alguns momentos da pandemia, prejudicando, principalmente, comunidades mais pobres. Com os pools, teríamos respostas mais rápidas, com menores custos e dependência da compra de reagentes”, afirma. 

Um braço da pesquisa testou os alunos da Faculdade de Medicina da UFMG na volta das férias dos internatos – períodos finais do curso de Medicina, com atuação prática nos serviços de saúde.
Os alunos realizaram uma autocoleta com o swab. O método reduziu em 154 o número de reagentes necessários para o grupo. O custo total foi de R$ 591. Caso não fossem aplicadas as técnicas de pool testing e de autocoleta, o custo teria sido de R$ 6.153, ou seja, 90% maior. Isso se deve ao maior número de reagentes, insumos e profissionais necessários para executar o processo. 

A pesquisa recebeu o apoio da Capes, do CTVacinas, por meio da Rede Vírus do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), do Ministério da Educação (MEC), por meio da Secretaria de Ensino Superior, e da Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Centro-Sul.

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