(Lucas Prates)
Após décadas trancafiados, 165 pacientes começam a deixar as dependências do último manicômio público que atende Belo Horizonte. Com problemas sanitários, de estrutura e de atendimento, a Clínica Serra Verde, em Vespasiano, na região metropolitana, vai fechar as portas.
Do lado de fora, o muro e a fachada bem cuidados causam boa impressão. Dentro, uma área verde ampla, com bancos e pequenos jardins, dão sensação de tranquilidade. Desse espaço, os visitantes não conseguem ver as enfermarias onde os pacientes passam grande parte dos dias. Lá, o acesso é restrito a funcionários.
Flagrante
A equipe do Hoje em Dia flagrou cenas desse local, alvo de um relatório que culminou na remoção dos pacientes. Fraldas usadas ficam espalhadas nas dependências onde os internos dormem, mulheres andam sem roupa e é possível ouvir choros e gritos até do lado de fora dos muros imensos.
A direção da clínica alegou para a Prefeitura de Belo Horizonte que os problemas eram decorrentes do baixo valor repassado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O caso é acompanhado pelo Ministério Público Estadual, que pode cobrar respostas da instituição, mesmo após o fechamento.
A transferência dos pacientes começou em 22 de agosto. "Trinta e oito pessoas já estão nas dependências do antigo hospital Frederico Ozanam, que vai funcionar como unidade transitória", diz o secretário de saúde de Belo Horizonte, Marcelo Teixeira.
Após um período de adaptação, os pacientes serão levados para residências terapêuticas.
A saída do último interno está prevista para o dia 16. "São pessoas que permaneceram na clínica por mais de 30 anos, em média, e que agora serão gradativamente reinseridas na sociedade", afirma o secretário. O Hoje em Dia tentou falar com o responsável pela clínica na instituição e por telefone, mas ele não foi encontrado.
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