ÁREAS DE RISCO

Uma a cada três famílias se recusa a sair de casas ameaçadas por deslizamentos de terra em BH

Atualmente, cerca de mil edificações estão situadas em áreas de risco nas vilas e favelas em BH

Pedro Melo
pmelo@hojeemdia.com.br
Publicado em 03/11/2023 às 07:01.
 (Lucas Prates/Arquivo Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Arquivo Hoje em Dia)

Uma a cada três famílias que mora em uma casa condenada, sob ameaça de ruir ou ser atingida por deslizamentos de terra durante as chuvas, se recusa a sair do imóvel em Belo Horizonte, mesmo com as recomendações dos órgãos públicos. O alerta contra a resistência das pessoas é reforçado diante de mais um risco geológico “forte” na capital. O solo está encharcado em pelo menos três regionais por conta das últimas precipitações.

Atualmente, cerca de mil edificações estão situadas em áreas de risco nas vilas e favelas da metrópole. No entanto, a maioria não está em perigo, já que obras para contenções de encosta têm sido feitas, segundo a Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel). Diretora de manutenção e áreas de risco do órgão, Isabel Volponi garante que as ações foram intensificadas nesse período.

Em 2023, cerca de 1,2 mil famílias foram retiradas de regiões com riscos geológico ou de inundação, como na Vila Bernadete (Barreiro), e na rua Sustenido (Novo São Lucas). Todas foram reassentadas em 520 unidades habitacionais. O número, porém, poderia ser maior, segundo a própria Urbel, após as vistorias que detectam problemas.

“Em alguns casos ainda existe resistência na hora da retirada. E um grande agravante é que algumas pessoas acatam a saída do imóvel e após o agente virar as costas, o morador volta para o local. Então, eu diria que em 30% dos casos o responsável pelo imóvel, infelizmente, ainda cria algum tipo de resistência ou se nega a sair”, afirma Isabel Volponi. 

Porém, a servidora faz questão de destacar que esse percentual já “melhorou muito”, com maior aceitação das famílias. “As pessoas têm se sensibilizado. A cultura em relação a isso tem melhorado. E quando a gente dá um parecer contrário ao imóvel, a maioria das famílias costuma acatar, o que não acontecia antigamente”.

Em 2022, foi lançado o Programa de Gestão de Risco Geológico-geotécnico. O plano contabiliza 208 obras finalizadas e 54 em andamento. O objetivo é tornar as áreas de risco geológico e de inundação locais mais seguros.

As obras abrangem contenções de encosta, muros de arrimo, implantação de redes de esgoto, drenagem, além de construção de acesso seguro para os moradores. O investimento nesse pacote de intervenções é de mais de R$ 118 milhões, beneficiando mais de 245 mil pessoas.

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