Uma cidade humana, pública e cidadã como alternativa na mobilidade

Álvaro Castro - Hoje em Dia
30/05/2014 às 16:55.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:48
 (André Brant)

(André Brant)

Pensar cidades humanas, públicas e cidadãs é, sobretudo, lidar com inúmeros conceitos e visões. O conceito de cidade e a forma como ela deve ser organizada está longe de ser um consenso, como explica Maria Madalena Franco Garcia, administradora, consultora na empresa de projetos Arcadis–Logos, na última mesa do Seminário Meio Ambiente e Cidadania 2014 – Equações para o caos da mobilidade urbana.   Dados do Detran de 2011 mostram que o aumento da frota e o aumento de vítimas de acidentes de trânsito vem aumentando. Isso é reflexo de uma cidade cada vez mais planejada para o carro e não para as pessoas, segundo afirma a administradora. "Vivemos em uma cidade insegura e que não foi planejada para dar conforto a quem usa transportes não motorizados, como a bicicleta", disse. Além disso, as condições ruins das calçadas não favorecem que as pessoas caminhem.   Outras cidades adotam uma série de medidas no sentido de trazer as pessoas para a rua, para que esta seja apropriada, como a criação das ruas de lazer, muito questionadas por alguns setores da população. "É um espaço no qual o rico e o pobre se encontram e usam da mesma forma, altamente democrático. O que vemos é uma dicotomia de ideias do que é público, humano e cidadão", completou. Outras opções são formas de mobilidade diferentes, como os teleféricos e as escadas rolantes para o acesso a áreas com topografia irregular, como morros e favelas.   Historicamente, Belo Horizonte teve mais de 270 quilômetros de trilhos por onde circulavam os bondes, transporte elétrico que ligava as mais diversas áreas da cidade. Eles foram paulatinamente substituídos pelos carros e ônibus que hoje são os principais pilares, juntamente com as motos, do trânsito de BH. Este tipo de transporte, que evoluiu para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) é opção eficiente de transporte em cidades que foram citadas durante todas as palestras, como Barcelona.   Para Maria Madalena, essas escolhas de dar ao carro o lugar nobre nas uas é um forte fator de desumanização da cidade e afastamento das pessoas das ruas, deixando-a menos pública e menos cidadã. "Alterar a estrutura da cidade não é tirar espaço do carro, mas sim dar mais espaço para as pessoas", disse.

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