Com mais de 70 anos de história, funcionando no mesmo local com venda de ferragens e louças, a Casa Eure encerrou as atividades no início desta semana. O estabelecimento, na avenida do Contorno, no bairro Floresta, região Leste de Belo Horizonte, enfrentava dificuldades há cinco anos, segundo o proprietário.
"Foi um somatório. Vínhamos batalhando com os shoppings e grandes atacadistas engolindo o segmento de rua. E estourou com a pandemia", lamenta o dono da loja Carlos Henrique Aguiar. O empresário já vendeu o ponto e, nos últimos dias, tem ido ao local apenas para retirar materiais.
Como loja de ferragens e louças, a Casa Eure foi aberta por Valdemar Neves em 1947, mas o ponto existia desde o início do século passado, funcionando principalmente como armazém. O nome Eure é uma referência a um dos filhos de Neves e foi mantido mesmo após passar para as mãos de Carlos de Aguiar, pai do atual dono.
"Seu Valdemar chamou meu pai para trabalhar lá quando ele tinha 17 anos. A loja ainda se chamava, nesta época, Valdemar & Outros. Depois de muitos anos, Valdemar não quis continuar mais com o comércio e ofereceu ao meu pai", conta Carlos Henrique, que passou a gerir o negócio em 1995.
A experiência no espaço, no entanto, começou bem mais cedo. "Desde que consegui somar dois mais dois, meu pai disse que eu poderia ajudar. Nos períodos em que ficava cheia, como Natal e férias, eu vinha. Depois que formei em Engenharia Elétrica, fiquei afastado entre 1983 e 1995. Voltei porque o prédio era antigo e precisava de reforma", destaca.
Carlos de Aguiar não passava um dia sem ir ao estabelecimento. Com o estado de saúde agravado por problemas coronários, ele faleceu em 2014, deixando dois filhos - Carlos Henrique e Maria Cristina Aguiar Paes, que administrava uma cafeteria no mesmo prédio.