Infectologista afirma que máscara reduz a aspiração de partículas do ar
População voltou a usar máscaras em BH por conta do mau tempo (Fernando Michel/Hoje em Dia)
Belo Horizonte segue castigada pela névoa seca após dias de estiagem e queimadas generalizadas em vegetações. A qualidade do ar piorou e a inalação de fumaça é prejudicial à saúde. Alguns médicos já recomendam, inclusive, o uso de máscaras, a exemplo do que ocorreu na pandemia da Covid-19.
A capital está sob "alerta vermelho" devido à baixa umidade do ar. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os índices estão abaixo de 12%, o que configura "grande perigo" à população. O recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é acima de 60%. As condições remetem ao clima do deserto do Saara, no Norte da África.
Em meio à verdadeira "estufa" que virou a metrópole, a fumaça cada vez mais intensa deixa a população exposta às substâncias tóxicas presentes no ar. Para o diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, o uso da máscara é recomendado para diminuir os riscos.
Segundo o infectologista - que integrou o Comitê de Combate à Covid em BH - a aspiração dessas partículas pode trazer lesões à mucosa das narinas, olhos e boca, além de gerar sangramentos, alergias e até infecções.
“Em locais com muita fumaça, na rua e com perfil de poluição, a máscara pode ajudar a reduzir a aspiração de partículas de fumaça e poeira”, atesta.
Conforme o médico, os grupos vulneráveis são formados pelas crianças, idosos e pessoas com doenças pulmonares. Além dos cuidados na rua, a população pode reduzir os efeitos causados pelo tempo seco dentro de casa, com a umidificação do ambiente.
Além disso, é preciso reforçar a hidratação, evitar roupas pesadas e evitar atividades físicas intensas ao ar livre nos horários de calor.
Estações de monitoramento da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), localizadas no bairro São Gabriel, na região Nordeste, e no Barreiro, mostram como a qualidade do ar despencou em BH. Os índices são classificados como "muito ruins".
O monitoramento é feito por meio do cálculo dos Índices de Qualidade do Ar (IQAr) – uma ferramenta matemática utilizada para converter as concentrações dos poluentes em escalas que variam de 0 a mais de 200. Para ser considerada "boa" é preciso estar entre 0 e 40. Já as demais são classificadas como "moderada" (41-80), "ruim" (81-120), "muito ruim" (121-200) e "péssima" (+200).
Segundo o pneumologista da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), Marcelo de Fuccio, o impacto da má qualidade do ar foi notado em unidades da rede. Ele afirmou que houve aumento no número de pacientes com problemas respiratórios devido às más condições climáticas.
Segundo o pneumologista, é como se “todo mundo estivesse fumando junto” de tão grave a situação. “O ar está com muita fumaça, monóxido de carbono e isso faz mal para todo mundo. Estamos inalando essa substância tóxica e isso faz mal, mesmo que seja em pouca quantidade”.
*Estagiário, sob supervisão de Renato Fonseca