Uso irregular de água por lavadores de carro na mira da prefeitura de BH

Mariana Durães
mduraes@hojeemdia.com.br
28/08/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:17
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

O desperdício e o uso irregular da água de muitos dos 700 pontos de distribuição espalhados por calçadas e canteiros de BH estão na mira da prefeitura. Os lavadores de carro são considerados os principais vilões do sistema. 

Na cidade, por ano, a Copasa estima uma perda por consumo não autorizado de 29,6 milhões de metros cúbicos – referente a fraudes, ligações clandestinas e a imprecisões de medição. Uma varredura será feita para combater a utilização ilegal por flanelinhas.

Em uma caminhada rápida pela cidade, não é difícil achar muitos deles oferecendo o serviço ilícito. A reportagem do Hoje em Dia percorreu a região hospitalar e observou que, para conseguir água, alguns contam com a ajuda de comércios e residências nas proximidades de onde ficam, enquanto outros fazem “gatos”. 

Nesse caso, eles captam água da tubulação pública, onde não há relógio de consumo. Agindo de forma incorreta, permanecem alertas. Alguns deixaram o trabalho por fazer quando perceberam que eram fotografados.

O gasto mensal da prefeitura com água para suprir todos os equipamentos públicos, como escolas e centros de saúde, chega a R$ 3,5 milhões

Cuidado

Exercendo o ofício no mesmo local há 35 anos, um homem, que pediu para não ter o nome divulgado, afirmou que possui o registro desde que os cadastros começaram. Lavador de carros no Santa Efigênia, ele conta que vê muitos trabalhadores clandestinos na região. 

“Fiz o registro em meu nome e pago cerca de R$ 40 por mês. É um preço justo pela quantidade de carros que lavo, então vale a pena”, explica. Ele afirmou que passou a trancar o hidrômetro que utiliza porque outras pessoas tentavam usá-lo e acabavam gastando muita água. 

Na mesma região, um outro trabalhador cadastrado pela PBH conta que ainda depende da boa vontade de um morador da região que o deixa encher os baldes. 

“Estou registrado há pouco tempo e eles me aconselharam a procurar o sindicato para conseguir o ponto de água da Copasa, mas ainda não tive condições de fazer isso”, contou. 

Questionado sobre o uso de “gatos”, o homem, que também preferiu não ter o nome divulgado, afirmou nunca ter usado. “A região aqui é muito vigiada, movimentada e policiada. Quero trabalhar corretamente, mas a água é cara e ainda não posso pagar porque lavo poucos carros”, finaliza.

Estudos sobre gasto exagerado do recurso vai mostrar quantos pontos precisam ser fechados

A fiscalização do uso da água pelos lavadores é feita pela própria prefeitura. Para evitar ligações clandestinas, uma parceria entre a PBH, Copasa e Sindicato dos Trabalhadores Lavadores e Manobristas de Carros (Sintralamac) concede registros no nome do usuário. 

De acordo com um levantamento da Copasa, as perdas referentes aos consumos não autorizados, como fraudes/ligações clandestinas e imprecisões de medição, representam um terço da perda total de água distribuída pela companhia em 2017. 

Como os estudos sobre o desperdício público estão na fase inicial, ainda não é possível precisar quantos destes 700 pontos precisariam ser fechados. 

“Esses hidrômetros que estão nos logradouros públicos também entram na conta de consumo. Sabemos que existem lavadores de carro que utilizam a água e não pagam. Não é obrigação da prefeitura pagar pelo uso, muito menos pelo desperdício”, afirma o secretário municipal de Meio Ambiente, Mário Werneck. 

O vice-presidente do Sintralamac, Célio dos Santos Mariano, afirma que são pouco mais de 120 lavadores com registros para uso da água. “Nós incentivamos a regularização porque eles precisam”, afirma. 

Ele explica que o sindicato faz a ponte entre o lavador de carro e a Copasa, já que é preciso ter documentos oficiais e autenticados em cartório. Para ele, o baixo número de trabalhadores com permissão da Companhia se deve, muitas vezes, à burocracia. 

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