(Corpo de Bombeiros/Divulgação)
Em função do primeiro ano do rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Grande BH, a Vale, responsável pela estrutura, divulgou balanço do que tem feito visando a reparação dos danos causados. O atendimento às pessoas afetadas direta ou indiretamente, garante a mineradora, é o principal foco das ações.
A empresa reiterou o pedido de desculpas pelo rompimento do reservatório, ocorrido em 25 de janeiro de 2019. Até o momento, 259 pessoas morreram e outras 11 continuam sendo procuradas.
Para as ações de reparação e compensação pelo rompimento, a Vale informou ter provisionado recursos de R$ 24,1 bilhões. A verba contempla o programa de indenizações, intervenções ambientais, projetos socioeconômicos, apoio a medidas do poder público e descaracterização das barragens a montante no Estado.
Órgãos públicos
A mineradora informou que, em outubro, concluiu a doação de 77 veículos às polícias Civil e Militar, ao Corpo de Bombeiros e à Defesa Civil. Duas tendas instaladas na área de buscas, segundo a companhia, viabilizam o resgate.
Além disso, disse ter repassado R$ 382 milhões a órgãos públicos - incluindo a Prefeitura de Brumadinho e outros dez municípios mineradores.
Indenizações
Após o colapso da barragem, ainda em janeiro a Vale realizou doações voluntárias: R$ 100 mil para 276 famílias de vítimas do rompimento; R$ 50 mil para cem famílias que residiam na Zona de Autossalvamento (ZAS) e R$ 15 mil para 91 produtores rurais e comerciantes. Parte dos moradores atingidos têm o aluguel das moradias custeado pela empresa.
Termo assinado entre a companhia e a Defensoria Pública permitiu aos atingidos optar por acordos individuais ou por grupo familiar, para buscar indenização por danos materiais e morais.
Até 16 de janeiro, segundo a mineradora, 3.193 acordos haviam sido firmados. Já acordos trabalhistas, até esta data, já somavam 1.541. Pagamentos emergenciais também foram feitos.
Assistência psicológica
De acordo com a Vale, quase 600 famílias são acompanhadas dentro de um programa que visa a saúde emocional dessas pessoas.
A empresa afirma ter assinado acordo de cooperação com a prefeitura da cidade para repasses que já totalizam R$ 32 milhões destinados à ampliação da assistência de saúde e psicossocial no município. Em 2019, foram realizados mais de 18 mil atendimentos médicos e acolhimentos.
Projetos de requalificação
A Vale apresentou um projeto de requalificação do Córrego do Feijão, que prevê a reforma, pavimentação e urbanização de ruas, casas e estruturas, reativação econômica e desenvolvimento do turismo local. A ideia é tornar a região um destino ecológico.
Há também proposta para a recuperação ambiental para as áreas impactadas pelo rompimento. A expectativa é reconstituir as condições originais do ribeirão Ferro-Carvão e reflorestar a região com plantas nativas das matas ciliares.
O rio Paraopeba também deverá ser recuperado. A dragagem dos rejeitos já foi iniciada. A água drenada é bombeada para uma estação de tratamento e retorna limpa ao afluente.
Está prevista para terminar, em setembro deste ano, a construção do novo sistema de captação da água do Paraopeba. A estrutura terá a mesma vazão da que foi danificada, de 5 mil litros por segundo.
Há obras também na adutora do rio Pará, localizada entre Pará de Minas e Conceição do Pará, na região Centro-Oeste do Estado. A estrutura tem vazão de 1 milhão de litros por hora, a mesma que o município captava no rio Paraopeba antes do rompimento. As intervenções devem ser concluídas em julho.
Barragens
Dias após o rompimento em Brumadinho, a mineradora inaugurou seu primeiro Centro de Monitoramento Geotécnico, abrangendo 111 estruturas da empresa. “Com as informações fornecidas por radares e câmeras, a Vale consegue monitorar e tomar decisões de maneira mais segura e assertiva”, informou o comunicado.
A empresa busca eliminar as estruturas construídas no modelo de alteamento a montante. Em novembro foram concluídas as obras da primeira das barragens a serem descaracterizadas: a 8B, localizada na Mina de Águas Claras, em Nova Lima, também na região metropolitana da capital.
De acordo com a companhia, o reservatório não tem mais alteamento e nem funciona como barragem. A área foi revegetada com 1.100 mudas de plantas nativas, para reintegrá-la ao meio ambiente.
Até a descaracterização, medidas para segurança foram tomadas, como rebaixamento do nível de água com bombeamento, perfuração de poços e e construção de canais para desviar água da chuva.