Vale garante segurança de trabalhadores na construção de muro em Barão em caso de rompimento

Renata Evangelista
20/05/2019 às 09:48.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:44
 (Reprodução/Google Maps)

(Reprodução/Google Maps)

A mineradora Vale garantiu que as obras de construção de um muro para conter parte do volume de rejeitos da barragem Sul Superior e Inferior da Mina Gongo Soco, em Barão de Cocais, na Região Central de Minas, prossegue mesmo com o risco iminente de rompimento do talude da cava. A obra acontece a 6 km da barragem e, na avaliação do tenente-coronel Flávio Godinho, chefe da Defesa Civil, coloca em risco a segurança dos trabalhadores.

Mesmo diante do perigo, a Vale informou que consegue manter a integridade física dos operários. A empresa disse que elaborou o "Plano de Segurança Ocupacional Para Sondagem na Zona de Auto Salvamento da Barragem Sul Superior e Inferior de Gongo Soco" e também o "Plano de Abandono das Zas da Barragem Sul do Site de Gongo Soco". Os documentos, apresentados à Superintendência Regional do Trabalho, detalham os procedimentos necessários para garantir a segurança dos funcionários que trabalham na construção do muro.

"Foi autorizada à Vale, a utilização de trabalhadores para os trabalhos descritos nesses documentos. A distância do local da obra foi considerada segura para a execução, em tempo hábil, do Plano de Abandono da área pelos trabalhadores, em caso de rompimento da barragem Sul Superior da Mina Gongo Soco, em Barão de Cocais", destacou a empresa por meio de nota.

Conforme a Vale, a construção começou na última quinta-feira (16), depois que a Superintendência Regional do Trabalho liberou a suspensão parcial da interdição. "Essa obra atuará como barreira física no sentido de reduzir a velocidade de avanço de uma possível mancha, contendo o espalhamento do material a uma área mais restrita", garantiu por meio de nota.

A mineradora declarou, ainda, que monitora a situação da mina 24 horas por dia de forma remota, "com o uso de radar e estação robótica capazes de detectar movimentações milimétricas da estrutura, além de sobrevoos com drone". O vídeo-monitoramento é feito em tempo real.

Colapso

 Órgãos de segurança e moradores de Barão de Cocais esperam para qualquer momento o colpaso do talude da cava da Mina Gongo Soco, que poderia provocar a ruptura da barragem Sul Superior. Relatório da Vale revela que o talude pode se romper até o próximo sábado (25).

A dimensão da ruptura ainda é desconhecida e, até o momento, a Vale não informou se a vibração provocada por ela poderia causar a desestabilização e o colapso da barragem. Se o pior cenário for confirmado, a onda de rejeitos deve atingir a área Central da cidade e os bairros São Geraldo, São Benedito, Três Moinhos e Vila Regina, impactando aproximadamente 6 mil pessoas.

A Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar e outros órgãos, como Agência Nacional de Mineração (ANM), estão em alerta. Para evitar novos desastres humanos, como o que ocorreu em Brumadinho, na Grande BH, quando o rompimento da Mina Córrego do Feijão deixou 241 mortos e 29 desaparecidos, os moradores de Barão de Cocais passaram por um treinamento sobre deixarem as áreas de risco e seguirem para pontos seguros do município. 

Além disso, a Justiça mineira ordenou que a Vale apresente estudo completo com impactos e danos ocasionados pelo possível rompimento da barragem. A decisão obriga a mineradora a entregar o chamado “dam break” até segunda-feira (20), sob pena de multa de R$ 300 milhões em caso de descumprimento.

Por nota, a Vale declarou que já apresentou o relatório mais atualizado de dam break da Barragem Sul Superior, "explicando naquela oportunidade a adequação dos critérios técnicos". Além disso, a empresa garantiu que não foi intimada de qualquer decisão quanto a eventual descumprimento da decisão liminar.

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