(ANTONIO SCORZA/afp)
Força-tarefa começa a vistoriar, a partir da próxima segunda-feira, museus, monumentos históricos e parques naturais do Estado. As condições de segurança, como a presença de extintores e hidrantes, saídas de emergência e alvarás de funcionamento, serão verificadas. A medida busca evitar tragédias como a que atingiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, no último domingo, quando cerca de 90% do acervo foi consumido pelas chamas.
Os trabalhos serão feitos por equipes do Corpo de Bombeiros e das secretarias estaduais de Cultura e Meio Ambiente. Segundo o coronel Cláudio Roberto de Souza, comandante-geral do Corpo de Bombeiros, as visitas visam prestar as devidas orientações “para atuar preventivamente nesses setores com interesse na segurança do público e dos bens”.
A ação faz parte da operação Alerta Vermelho, que já acontece em comércios e postos de combustíveis de cidades mineiras. “Vamos observar se as saídas de emergência estão bem sinalizadas, as instalações elétricas, se há algum composto químico ou produto inflamável guardado, além, claro, de verificar a condição dos hidrantes internos e dos extintores de incêndio”, acrescentou o capitão Frederico Pascoal, dos Bombeiros.
Em Minas, segundo o militar, 31 museus constam na lista de fiscalizações da corporação. Destes, apenas 15 estão com o Auto de Vistoria em dia. “Não é uma situação muito preocupante porque todos esses 16 que precisam ser regularizados já estão com os processos em andamento”, salientou. O estabelecimento que estiver com o documento fora da validade pode ser multado e, em casos extremos, interditado pelo Corpo de Bombeiros até a formalização legal.
Alerta ampliado
Em nota, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informou que a destruição do Museu Nacional ampliou o alerta para a proteção do patrimônio cultural. Um comunicado foi enviado aos promotores de Justiça do Estado pedindo atenção especial para as condições de segurança de espaços históricos que abriguem os acervos.
“É importante garantir a existência de Sistema de Proteção contra Incêndio e Pânico instalado e eficiente e a existência de Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros válido nesse imóveis”, diz a promotora Giselle Ribeiro.
Segundo ela, documentos para auxiliar na defesa do patrimônio, como um manual básico de segurança e conservação, foram encaminhados aos promotores. A publicação contém instruções preventivas, inclusive quanto a incêndios e descargas atmosféricas.
Pente Fino
Em encontro com artistas mineiros na noite dessa terça (4), o governador Fernando Pimentel (PT) destacou a importância da ação. "Passaremos um pente fino nos equipamentos culturais para identificar possíveis pontos críticos e carentes de melhorias", afirmou. A medida, segundo ele, foi adotada apenas por precaução, já que os equipamentos culturais mineiros não apresentam problemas graves atualmente. "Ao contrário de outros estados, os nossos espaços estão funcionando bem", disse. Durante a agenda, que contou com a presença de Flávio Renegado e Fernanda Takai, ele também destacou a ampliação do Circuito Cultural Praça da Liberdade, que contempla atualmente 18 equipamentos abertos ao público, e disse que poderá abrir o Palácio da Liberdade para visitação aos fins de semana. "É uma possibilidade que estamos estudando, já que não abrimos durante a semana por ser o local de trabalho do governo, o que dificulta a visitação", justificou. Riva MoreiraPimentel durante encontro com artistas
Luzia
Três fragmentos de crânio foram encontrados em meio aos escombros do incêndio que destruiu o Museu Nacional. Uma das hipóteses é a de que se trata de Luzia, o fóssil mais antigo da América Latina, com cerca de 12 mil anos, e que foi descoberto em 1974 em Lagoa Santa, na Grande BH.
Os ossos estão sob análise de pesquisadores da instituição do Rio de Janeiro. A assessoria do museu carioca informou que o crânio de Luzia não estava em exposição – justamente porque era muito requisitado por cientistas –, mas tampouco estava protegido num cofre. Ele estava em uma caixa de metal.
Achado na gruta da Lapa Vermelha, o crânio pertencia a uma mulher que morreu entre os 20 e os 25 anos e foi uma das primeiras habitantes do Brasil. A descoberta de Luzia mudou as principais teorias sobre o povoamento das Américas. Ela é considerada o maior tesouro arqueológico do país.