Em menos de um mês, acidentes envolvendo veículos que transportavam pacientes e profissionais de saúde da Região Metropolitana de Belo Horizonte e do interior para a capital deixaram pelo menos seis mortos e 35 feridos. As tragédias mostram os riscos a que estão expostas as mais de 6 mil pessoas que se deslocam, por dia, até BH, em busca de atendimento na rede pública.
É o caso do pedreiro Domingos Luiz dos Santos, de 39 anos, e do filho dele, Ronan, de 6. Eles percorrem, semanalmente, mais de 600 quilômetros até BH.
A criança sofre de graves problemas de visão, e a família não tem condições de arcar com um tratamento particular. A viagem, partindo de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, dura nove horas.
A enfermidade e a distância não são obstáculos para a dupla. O pai teme, porém, a violência nas rodovias que cortam Minas.
“É muito desgastante, principalmente para o menino. Mas ele precisa de acompanhamento médico para conseguir a cura”, diz Santos. “Não temos outra opção senão encarar, com a ajuda de Deus, as sangrentas estradas mineiras. É uma angústia muito grande, pois toda semana a gente vê uma tragédia na pista”.
O pedreiro e o filho não estão sozinhos. Uma vez por semana, a trabalhadora rural Rosinéia Caetano, de 23 anos, sai de Resplendor, no Vale do Rio Doce, rumo a BH, onde é feito o tratamento quimioterápico da filha.
São 450 quilômetros de distância. Diagnosticada com leucemia, Tainara, de 5 anos, está praticamente curada. No entanto, ainda necessita de cuidados médicos.
“Felizmente, o tratamento está na fase final”, comemora a mãe. O deslocamento já não é tão frequente, uma vez que a criança precisa agora de acompanhamento mensal e não mais semanal.
Mas a viagem, que dura aproximadamente sete horas, ainda é assustadora. “Vemos acidentes quase que diariamente. Basta dizer que estamos falando da BR-381, também conhecida como Rodovia da Morte”, destaca a trabalhadora rural.
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