Estoque Crítico

VÍDEO: sem materiais básicos, Hospital João XXIII usa garrafa PET para recolher urina de pacientes

Funcionários denunciam falta de itens como luvas, pinças, esparadrapo e bolsas coletoras de urina, além da presença de baratas e escorpiões

Bernardo Haddad*
@_bezao
30/10/2024 às 07:30.
Atualizado em 30/10/2024 às 07:51
Imagens enviadas ao Hoje em Dia mostram uma garrafa de plástico, pendurada ao lado de uma maca, improvisada como bolsa coletora de urina (Reprodução)

Imagens enviadas ao Hoje em Dia mostram uma garrafa de plástico, pendurada ao lado de uma maca, improvisada como bolsa coletora de urina (Reprodução)

Funcionários do Hospital de Pronto Socorro (HPS) João XXIII, no bairro Santa Efigênia, região Leste de Belo Horizonte, denunciam a falta de materiais básicos na unidade de saúde, referência em atendimentos na América Latina. Faltam luvas, pinças, esparadrapo e, em alguns casos, até bolsas coletoras de urina, obrigando os profissionais a improvisar com garrafas de plástico junto aos leitos dos pacientes. O Estado admitiu que "alguns itens estão em fase de aquisição".

Um vídeo enviado ao Hoje em Dia mostra o recipiente de plástico pendurado ao lado de uma maca. Segundo a Associação Sindical dos Trabalhadores em Hospitais de Minas Gerais (ASTHEMG), a situação se arrasta há quase um mês e o estoque é considerado crítico.

Diretor do sindicato, o enfermeiro Carlos Martins diz que a falta de equipamentos prejudica o trabalho dos profissionais e o socorro aos pacientes. Ele conta que alguns funcionários tiveram até que comprar materiais com o próprio dinheiro para não prejudicar o atendimento.

Garrafa de 1,5L foi utilizada como marreco - coletor urinário masculino (Divulgação)

Garrafa de 1,5L foi utilizada como marreco - coletor urinário masculino (Divulgação)

Segundo o servidor, na semana passada um homem deu entrada no hospital com parte do corpo queimada, e não havia esparadrapo suficiente para prender as faixas usadas para tratar os machucados. Familiares do paciente comprarem o item para finalizar os curativos. Outra denúncia do sindicato é a falta de profissionais, principalmente cirurgiões plásticos e anestesistas. 

A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) informou que alguns itens estão em “fase de aquisição, obedecendo o fluxo dos processos de compra do serviço público e o contexto do mercado de fornecimento de materiais e insumos hospitalares”. 

Conforme a Fundação, todos os esforços estão sendo feitos para normalizar o abastecimento o quanto antes. "Para não comprometer a assistência, a unidade está remanejando materiais entre os hospitais da Rede Fhemig. A direção reafirma seu compromisso com a assistência e está à disposição para esclarecimentos aos servidores e usuários”, informa nota enviada.  

Funcionário encontra escorpião no HPS

Funcionário do HPS enviou foto de escorpião encontrado dentro do hospital (Divulgação)

Funcionário do HPS enviou foto de escorpião encontrado dentro do hospital (Divulgação)

Além da falta de materiais, os trabalhadores relataram más condições na unidade hospitalar. Segundo um trabalhor, que pediu para não ser identificado, escorpiões já apareceram no local e uma barata foi encontrada em cima de um paciente que estava deitado. 

“Trabalho no CTI do João e está caindo escorpião do teto, estão saindo das grades do ar-condicionado. Só esta semana foram 9 encontrados”, disse o trabalhador. 

A Fhemig informou que a ocorrência não foi comunicada à direção, mas irá apurar os fatos. Além disso, garantiu que a dedetização da unidade está em dia.  

Documento interno mostra que o estoque de materiais é considerado como crítico (Divulgação)

Documento interno mostra que o estoque de materiais é considerado como crítico (Divulgação)

Vazamento no telhado do hospital

O forte temporal que atingiu Belo Horizonte na noite do último sábado (26) causou apreensão em pacientes e funcionários do Hospital João XXIII. Com a chuca e os fortes ventos, muitas folhas caíram e entupiram as calhas. Houve vazamento no telhado da sala de reanimação, obrigando a administração da unidade a transferir os internos para outra sala.  

Na ocasião, a Fhemig informou que "a equipe de manutenção atuou imediatamente e o problema foi resolvido na mesma noite, restabelecendo as condições adequadas de funcionamento dos setores da unidade. Não houve prejuízo à assistência dos pacientes".

*Estagiário, sob supervisão de Renato Fonseca 

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