O terceiro dia de julgamento da "Chacina de Unaí", que acontece nesta quinta-feira (29), é marcado pela exibição de vídeos e leitura de depoimentos. Ainda nesta quinta, os três réus, acusados de matar três auditores fiscais do Trabalho e de um motorista do Ministério do Trabalho, devem ser ouvidos pela juíza Raquel Vasconcelos Alves de Lima, da 9ª Vara da Justiça Federal.
Logo no início da sessão, foi feita a leitura de alguns depoimentos, entre eles o do réu falecido Francisco Pinheiro. Também foram exibidos vídeos, peças e escutas telefônicas apresentados pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) que comprovariam as autorias dos crimes, ocorridos há quase 10 anos. O material teria sido colhido na fase de conclusão do inquérito policial.
Nesta tarde, os advogados de Rogério Alan Rocha Rios, William Gomes de Miranda e Erinaldo de Vasconcelos Silva exibirão suas peças e vídeos e, em seguida, os acusados serão ouvidos. Na quarta-feira (28), o cerealista Hugo Alves Pimenta revelou que a "Chacina de Unaí" foi "encomendada" por R$ 500 mil e que o mandante foi o fazendeiro Norberto Mânica, o “Rei do Feijão”. Pimenta revelou todo o esquema em troca de redução na pena, caso seja condenado por participação no crime. Ele será julgado em setembro.
Entenda o caso
Os três fiscais do Trabalho Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva e o motorista foram emboscados em uma estrada de terra, próxima de Unaí, enquanto faziam visitas de rotina a propriedades rurais. O carro do Ministério do Trabalho foi abordado por homens armados que mataram os fiscais à queima-roupa, atados aos cintos de segurança. A fiscalização visitava a região por conta de denúncias contra trabalho escravo.
Nove anos depois, o caso ainda não foi a julgamento pelo Tribunal do Júri, em razão, principalmente, dos recursos interpostos por alguns dos acusados. Em fevereiro de 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a remessa imediata dos autos à Seção Judiciária de Minas Gerais para julgamento dos réus presos. O processo chegou à 9ª Vara Federal de Belo Horizonte no mês de maio. No entanto, em janeiro deste ano, a juíza declarou-se incompetente para a condução do processo.