Vídeos revelam imagens dos suspeitos de ataque a agentes penitenciários; confira

Malú Damázio
mdamazio@hojeemdia.com.br
03/11/2017 às 10:29.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:31
 (Polícia Civil/Divulgação)

(Polícia Civil/Divulgação)

O atentado contra dois agentes penitenciários do Complexo de Segurança Máxima Nelson Hungria teria sido motivado por revolta de uma família de presos contra a corporação. A Polícia Civil apresentou nesta sexta-feira (3) imagens que mostram os dois suspeitos de atirar contra os funcionários do presídio no momento em que seguiam para o trabalho, em Contagem, na última terça (31). Um dos servidores já havia sido ameaçado anteriormente e chegou a registrar boletim de ocorrência.

Os vídeos foram gravados por câmeras de segurança de um condomínio do bairro Nova Contagem, onde dois homens, que estavam em uma caminhonete Fiat Strada vermelha, pararam para pedir informações sobre a saída para a BR-040, após agredirem os agentes. Pelas imagens é possível ver, com clareza, o rosto do atirador. O motorista usava boné. 

A polícia ainda não identificou os suspeitos, mas já tem informações de quem eles possam ser. A corporação já conversou com as vítimas, inclusive no hospital, para pegar detalhes sobre o crime. Além disso, serão ouvidos também internos da Nelson Hungria. 

“A gente já tem uma série de investigações, que correm sob segredo, que estão avançadas. Não temos dúvida que, com a divulgação dessas imagens, receberemos denúncias, via 181, para que possamos chegar o mais rápido possível no esclarecimento para efetuarmos a prisão das pessoas envolvidas nesse crime trágico”, afirmou o delegado Christiano Xavier, da 1ª Delegacia de Polícia Civil de Contagem.

Segundo o delegado, a dupla abordou os dois servidores, que estavam a caminho da penitenciária, para pedir informação. Em seguida, um deles, armado, disparou nove vezes contra um agente. O outro funcionário foi acertado duas vezes, mas conseguiu se esconder atrás de um poste e atirou no veículo, sem sucesso. Na ocasião, um jovem de 13 anos que passava pelo local a caminho da escola também foi atingido com um tiro. 

O atentado ocorreu nos arredores da Nelson Hungria, por volta das 6h40, na rua VP Um. As três vítimas foram encaminhadas para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Contagem. Somente um dos servidores ainda segue internado, mas já respira sem ajuda de aparelhos e não corre risco de morrer. 

Motivação

A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que o ataque foi uma resposta a um desentendimento ocorrido no presídio envolvendo membros de uma facção criminosa. Segundo o delegado, um homem de 66 anos, que estava preso com três filhos e um genro no mesmo pavilhão, passou mal no dia 25 de outubro, foi atendido na UPA Contagem, e morreu de causas naturais. 

A família, que faz parte de uma organização criminosa e é da cidade de Campos Gerais, no sul de Minas, foi presa após explodir um caixa eletrônico na cidade em junho de 2016. Com a morte do homem, o corpo foi transferido para a cidade de origem para o enterro. No entanto, nenhum dos familiares presos foi levado à celebração. 

A situação gerou revolta entre os integrantes do grupo, que passaram a ameaçar os agentes do presídio. “Isso resultou em uma série de constrangimentos e de ameaças da família dele [do senhor] por estarem insatisfeitos por não conseguirem se despedir do pai”, explicou Christiano. Com a indisposição, a administração da penitenciária decidiu transferir os três filhos do idoso. Cada um foi encaminhado para um presídio diferente na última sexta, dia 28. 

A ação agravou ainda mais o clima de tensão na Nelson Hungria: no sábado (29), a mãe dos encarcerados foi visitá-los e soube, na prisão, que os filhos haviam sido separados e remanejados em outras penitenciárias do estado. Conforme o delegado, a mulher ficou revoltada e disse que “haveriam represálias”. Em seguida, na terça (31), ocorreu o ataque aos agentes. 

Conforme o delegado, a série de acontecimentos reforça a ideia de que o atentado não esteja relacionado à vida pessoal dos agentes. A dupla de funcionários veio de Montes Claros, trabalha no sistema prisional há 12 anos, e mora em Contagem há apenas cinco meses. 

“Eles não convivem na região porque têm família fora, moram a apenas dez minutos de caminhada, dali, residem juntos, no mesmo apartamento. Por isso acreditamos que a motivação do crime sejam esses acontecimentos que geraram grande insatisfação por parte de integrantes dessa facção criminosa, que ameaçaram que iriam cometer atentados contra o sistema”, disse.

Veja o vídeo:
 

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