Dezenas de usuários de droga, expulsos de lotes vagos e de casas abandonadas na região Noroeste de Belo Horizonte, transformaram a calçada da avenida Antônio Carlos, um dos principais corredores da cidade, na nova cracolândia de Belo Horizonte.
Pelo menos 15 moradias improvisadas, feitas de lona, papelão, cobertor e madeira, foram erguidas nos últimos sete dias.
Entre o conjunto IAPI e o elevado de acesso à rodoviária, usuários de droga transformaram o trecho em refúgio para dormir, fazer sexo, usar drogas e praticar pequenos furtos.
A Prefeitura de Belo Horizonte já adiantou que não pode fazer remoções ou realizar internações compulsórias. Moradores e pedestres estão com medo. “Ninguém mais tem coragem de atravessar por aqui. O problema é que a passarela fica tomada de usuários de droga à noite”, afirma a autônoma Ronilda Feliciano, de 30 anos.
Morador do IAPI, um homem, que pediu para não ser identificado, vê da janela do apartamento os usuários de droga acendendo cachimbos de crack e pedestres obrigados a caminhar pela rua. “Com a calçada tomada pelos barracos, o jeito é colocar a vida em risco”.
A prefeitura informou que equipes de assistência social da Secretaria de Políticas Públicas serão enviadas ao local para tentar convencer os dependentes químicos a sair da avenida e a buscar apoio nos centros de saúde.
O presidente da ONG Defesa Social, Robert Willian Carvalho, critica a atuação da prefeitura. Para ele, o município incentiva os usuários de droga a continuar na rua ao distribuir seringas, água destilada para diluição de cocaína, cachimbos para fumar crack, além de gel lubrificante e preservativo.
A prefeitura, afirma Carvalho, deveria eliminar os pontos de vendas e distribuição de droga. “Na Antônio Carlos, o dependente consegue comida, agasalho, bebida e muita droga. Corta a droga que eles mudam”, diz.