Erupções na pele são características da varíola dos macacos (CDC's Public Health Image Library/Domínio Público)
Cidades mineiras foram informadas pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) sobre a doença viral chamada varíola dos macacos. Até esta segunda-feira (23), não há casos suspeitos no Brasil, mas as notificações se espalham pelo mundo: no último sábado (21) eram 155 casos em 14 países.
O governo brasileiro também criou um grupo científico consultivo para analisar impactos de uma eventual chegada da doença no país. Um dos participantes desse grupo é o virologista Flávio Fonseca, professor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG.
De acordo com o especialista, o avanço do vírus no mundo preocupa. "É uma doença grave que está se disseminando de uma maneira absolutamente imprevisível e inesperada. Ninguém imaginaria que esse vírus se disseminaria tão rapidamente na Europa e com tanta eficácia entre as pessoas", explica.
Transmissão
Embora tenha ganhado o nome de varíola dos macacos, o virologista revela que pesquisas apontam os roedores como principais hospedeiros da doença, que também é transmitida de humano para humano.
"A transmissão do animal para o ser humano ocorre por meio do contato próximo, principalmente caça, ou contato com fluido corpóreo desses animais, como sangue, urina e fezes", explica Flávio Fonseca.
"Do homem para o homem, a transmissão também ocorre pelo fluido corpóreo. Então é preciso contato íntimo, pele a pele, ou com roupa usada que contenha fluído de feridas. Existe uma teoria que está sendo avaliada sobre a possibilidade de transmissão sexual. Eu acho que é pouco provável", alega.
Varíola humana
Conforme o especialista, a varíola dos macacos é da mesma família da varíola humana, erradicada no final da década de 70 e, normalmente, ocorre apenas na África.
Apesar da semelhança com a varíola humana, o grupo do organismo causador da doença, que tem se espalhado rapidamente pelo mundo, é menos grave. Ainda não há estimativa da letalidade na recente onda de surtos. Mas, com base em dados anteriores da África, estima-se que seja de cerca de 1,2%.
Sintomas
Feridas na pele são o principal sintoma que caracteriza a varíola dos macacos. Além disso, o especialista cita febre, dor no corpo e inflamação do sistema linfático. "É uma doença parecida com a varíola humana", explica o especialista.
Vacina e tratamento
Existem vacina e tratamento disponíveis para a doença. O imunizante utilizado é o mesmo da varíola humana. No Brasil, no entanto, não há estoque disponível para aplicação.
O virologista reforça que "já existem drogas e fármacos para tratamento da infecção. Então é uma situação diferente da Covid-19, por exemplo, que quando surgiu não tinha vacina nem fármaco a não ser usar máscara", completa.
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