Vizinhança unida em BH modifica espaço público e conquista soluções para o dia a dia

Bruno Inácio
binacio@hojeemdia.com.br
05/10/2018 às 20:18.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:49
 (Riva Moreira)

(Riva Moreira)

Na era digital, de relacionamentos mais próximos e, ao mesmo tempo, distantes, a boa e velha união da vizinhança ainda rende frutos. Em alguns bairros de BH, moradores se mobilizaram, por necessidade ou conveniência, e provaram a força do coletivo para conseguir mudar um pouco a realidade em que vivem.

No Cidade Nova, região Nordeste, os condôminos de um edifício na rua Bernardino de Sena Figueiredo se posicionaram contra o corte de uma sibipiruna que está, há mais de quatro décadas, em frente ao prédio. Na última segunda-feira, servidores da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) tentaram fazer a supressão da árvore, mas foram impedidos.

O produtor cultural João Bosco Costa Lima, que há 20 anos mora por lá, reuniu os vizinhos, que quiseram saber o porquê do corte, alegando que o espécime é importante para a qualidade de vida. 

“Questionamos o motivo da supressão. Confrontamos o técnico e solicitamos um laudo, que não foi apresentado. A árvore parece estar saudável. Não há necessidade, ainda mais que outras já foram cortadas por aqui”, afirmou João Bosco.

A Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura informou que foi constatado estrangulamento de raízes no exemplar e que o tronco da sibipiruna está podre pela presença de parasitas, sendo essencial a retirada dela para a segurança dos moradores. 

Mesmo assim, vizinhos se negam a aceitar o corte e um carro está estacionado no local, impedindo o trabalho. PBH não disse se serão tomadas novas medidas.

Na zona Leste, bairro São Geraldo, as reuniões da Comissão Regional de Transportes e Trânsito foram cada vez mais ocupadas pelos moradores, que pediram a mudança no itinerário da linha 9502. 

“Antes, no Centro, só tinha um ponto e todo mundo reclamava de andar demais para chegar lá. Foi aí que solicitamos apoio da prefeitura”, contou a secretária Julia Machado. Desde a última segunda-feira, o ônibus tem novo trajeto, com paradas nas ruas dos Carijós, Guaicurus, Espírito Santo e avenida dos Andradas.

Relações

A socióloga Carla Reiher, especialista em dinâmicas do cotidiano, comenta que, a despeito das novas formas de comunicação, que fazem o indivíduo interagir globalmente, é na proximidade física que estão as interações mais impactantes. “Quando vizinhos se reúnem para revitalizar a rua, por exemplo, a sensação de bem-estar social, de participação política, de humanidade, é muito maior que uma mobilização nas redes sociais”. 

É o que aconteceu no bairro Lindéia, no Barreiro. Lá, a Praça Dona Maria Tertuliana foi revitalizada pelos próprios moradores, em julho deste ano. “A gente até pensou em ir atrás da prefeitura, mas a ideia era que nós mesmos fizéssemos. Assim, sentimos que a praça é de todos nós”, contou o serralheiro Luiz Flávio do Amaral.

Valorização

Neste sábado, às 8h30, será a vez dos moradores do Santo Agostinho, Centro-Sul da cidade. Eles darão abraço simbólico na Praça Carlos Chagas, em frente à Assembleia, pedindo que o espaço seja mais valorizado pela administração municipal.

“A área está sendo usada para diversos eventos que têm prejudicado o convívio com a natureza”, ressaltou o fundador da associação dos moradores do bairro, André Gontijo.

Em nota, a prefeitura informou que os moradores devem solicitar, pelo telefone 156, os serviços de capina, limpeza e revitalização de espaços públicos. Sobre a conservação das praças, a Guarda Municipal diz que faz monitoramentos de rotina e que atua em casos de denúncias.

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