(Flávio Tavares)
Convivendo com a dor do próximo, voluntários se dividem na entrega de doações e na ajuda psicológica a centenas de familiares que aguardam no Espaço do Conhecimento, às margens da MG-040, em Brumadinho, na Grande BH, a chegada de informações sobre os desaparecidos no rompimento das barragens da Vale, no Complexo da Mina de Córrego do Feijão.
Estandes da Cruz Vermelha e Defensoria Pública de Minas Gerais foram montados para instruir as famílias e cadastrar voluntários. O local também é ponto de repasse de identificação de vítimas que trabalhavam para a multinacional.
O estoquista Ailton Gabriel dos Santos, de 21 anos, se cadastrou para fazer o transporte de doações aos abrigos. O jovem aguarda notícias de amigos e vizinhos que trabalhavam na mineradora no momento da tragédia.
“Aqui é cidade pequena. Todo mundo conhece todo mundo. É impossível não ajudar, não se envolver”, contou. Ailton não conteve a emoção ao lembrar dos amigos que ainda estão desaparecidos. “Fé a gente não pode perder, mas a realidade é triste”.
O brigadista civil André Luiz Pereira, de 38 anos, está trabalhando no estande da Cruz Vermelha na distribuição de água, alimentos e roupas. “Só Deus para dar força nesse momento. As famílias estão desesperadas querendo informações e é angustiante não poder ajudar nesse sentido”, desabafou.
A estudante de psicologia Tais Fonseca, de 22, é uma das voluntárias responsáveis por cadastrar novos ajudantes. Ela também divide as atenções com o auxílio às famílias e a preocupação com amigos desaparecidos que trabalhavam na Vale. “Graças a Deus está tendo muito voluntário. Não está faltando ajuda. Mas é difícil lidar com o desespero das famílias”, salientou.
Água
Outro ponto de atuação dos voluntários é na Quadra de Esportes de Brumadinho. No local, mais de 50 voluntários recebem água, roupas, alimentos, medicamentos e ração para cachorros. A funcionária municipal Jéssica Maciel, de 26 anos, está na coordenação do espaço. Segundo ela, os donativos que ainda estão em baixa são água, materiais de higiene pessoal, medicamentos mais comuns, como remédios para dor de cabeça.
“Aqui a gente está separando as roupas, vendo o que está em boas condições de uso para entregar às famílias”, explicou.
A estudante Sara Rios, de 20 anos, é uma das voluntárias no centro esportivo. Ela foi para o local para não ficar assistindo o noticiário, enquanto aguarda informaçōes do cunhado, funcionário da Vale, que está desaparecido. “Pelo menos aqui eu esqueço um pouco, distraio a cabeça. Em casa não tem o que fazer”, lamenta.
A administradora Natália Ribeiro, de 34, contou que pretende ajudar até o momento que for necessário. “A gente vê a situação e fica muito comovido, triste. Aconteceu em Mariana e não aprenderam. Agora aconteceu aqui e espero que não se repita mais”.
stado e a gente articula também com a Vale, demandando informações e atendimentos às famílias”, explicou.
Mal-estar
Uma mulher que aguardava informação de um familiar desaparecido na barragem desmaiou e foi socorrida inconsciente por médicos que estavam no Espaço do Conhecimento. O estado de saúde da mulher não foi informado e familiares não falaram com a imprensa.